quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Professor enquanto autoridade

A palavra autoridade que aqui tanto é empregada não é usada para sistematizar uma atitude de violência ou de coagir o aluno sob ameaças. Antes de tudo, a palavra autoridade tem sua origem no verbo latino augere, que significa aumentar. Ele também está na origem da palavra autor (ou aumentador), estabelecendo uma relação que deve ser pensada: a autoridade é aquela que aumenta e, sobretudo, eleva. Sim, essa é a função do professor: elevar. E quem eleva necessita sempre fazer um grande esforço, maior até do que o de quem é elevado.

O professor enquanto educador é a autoridade, aquele que eleva. Isso se dá principalmente pelo ensino, mas também no trato com os alunos. Muitos pensam que abrindo mão de uma linguagem própria de um professor pode-se aproximar mais dos alunos. Porém, nem sempre o resultado é esse, como podemos perceber. A linguagem é mais um signo importante de autoridade, que providencia ao professor o devido estado que deve ter.

Não quero defender que o único meio de se comunicar seja a linguagem formal e plenamente erudita, mas ressaltar que ela não pode ser completamente descartada e posta para fora. Parte-se, muitas vezes, do princípio de que o professor, para melhor ser compreendido, deva falar a mesma linguagem do aluno. Para isso, muitos, infelizmente, se rebaixam a um nível até inferior, falando “palavrões” e outras baixarias, como expressões de duplo sentido. Contrário a isso, o ambiente da sala de aula deve ser um ambiente de autoridade, de elevação, do augere. Esse é o esforço que esteve sempre presente nos grandes educadores, o de elevar o aluno ao nível da linguagem do professor, gradualmente, e dentro das limitações de cada série.

O signo mais forte de autoridade do professor é o saber, o conhecimento que é transmitido. Na maioria dos casos, esse é um dos únicos signos de autoridade que permanece hoje em nossos mestres. A linguagem é o meio de mediação desse universo de aprendizagem. Quando o professor abre mão dela e despenca para um vocabulário esdrúxulo, ele já não cumpre com seu papel, não é autoridade e, dificilmente, vai conseguir manter a disciplina na sala de aula. O professor deve ser também referência moral, pois a linguagem dá margem para o entendimento de um código moral, de quais atos são aceitáveis naquele ambiente ou não. Desprovido desse precedente tão importante que é a linguagem, o que um professor pode transmitir aos seus alunos? Além do mais, enquanto educadores, sabemos muito bem que o caminho do saber não passa pela barbárie da grosseria e da falta de educação. Usando uma linguagem inadequada, a intermediação entre mestre e aluno se limita. Não há aquele despertar da curiosidade, tão comum na fase do aprendizado, para algo sadio e bom.

Assim como um agente de trânsito sem seu uniforme é apenas mais um no meio de tantos carros e, literalmente, “não apita nada”, o professor, ao abrir mão de uma vestimenta digna do seu estado, é para os alunos somente mais um entre eles. Quanto mais esse signo de autoridade é transgredido, o significado de que ali está presente um superior, que deve e merece respeito, não fica explícito o quanto deveria. Portanto, o educador que se veste como um aluno de quinze anos pouco vai conseguir, pois já se apresenta como quem tem pouco a oferecer.

Desse modo, podemos concluir que um professor que se apresente com a mesma linguagem, mesma roupa, quando não até pior, que os alunos, pouco ou quase nada poderá oferecer. Mesmo sendo um conceito feito previamente por fatores externos, não podemos deixar de considerar a importância de tais fatores. Obviamente, assim como o exemplo do guarda de trânsito, a conduta do mestre não se resume ao externo, mas esse muito tem a dizer e a impor. É bom lembrar que o foco na relação entre aluno e professor é o princípio de ordem, de respeito e de ensino na sala de aula e que uma coisa está claramente ligada à outra, de forma indissolúvel.

O modo como os alunos se vestem, por menos importante que possa parecer, deve ter seu lugar. O uso do uniforme serve para que o aluno entenda que existem ambientes sociais que exigem determinados comportamentos, deixando clara a ligação existente entre vestimentas adequadas e modos de agir coerentes com o meio. Saber como se portar também faz parte da formação do aluno como um todo. Afinal, não apenas nas escolas o vestuário reflete o comportamento. Não se entra em um fórum ou em uma igreja indevidamente vestido, por exemplo. Além disso, o uso do uniforme é essencial para que o aluno aprenda que, mesmo existindo direitos, existem deveres. Dessa maneira, para o bem do próprio aluno, os uniformes devem ser impostos e, por mais simples que seja, devido à condição social do aluno, o traje deve ser digno e modesto.

Outro fator que não é muito observado é a importância da pontualidade. A transgressão do horário, que muitas vezes se dá principalmente por parte do professor, parece ser vista pelo aluno como um princípio a ser seguido: se nem o professor cumpre os horários estabelecidos, os alunos cumprirão muito menos. E isso é entendido muito bem por eles, tanto nos dias em que o professor está presente na escola, como nos dias em que o mesmo está ausente.


Autor do artigo: Fernando Zanelatto Bodini