segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Procurava emprego, encontrou uma mãe. Autora: Elizabeth MacDonald

Quando Jeanne-Marie saiu do hospital, sentia-se só, abandonada e sem apoio. Como único patrimônio, restava-lhe no bolso uma moeda de um franco.

Nenhum ruído externo, porém, era capaz de arrancar de suas profundas reflexões uma moça de aspecto humilde e testa franzida, que caminhava com passo resoluto.

A jovem Jeanne-Marie, nascida num vilarejo da Bretanha, fora educada por seus pais no santo temor de Deus. Sua modesta condição a obrigara, quando ainda muito nova, a buscar emprego junto a uma rica família.

Desde a infância, tinha ela o piedoso costume de mandar celebrar todo mês uma Missa em sufrágio das almas do purgatório. Devendo abandonar sua vila natal para acompanhar seus patrões que se mudavam para a capital francesa, manteve-se fiel a esse ato de caridade, e assistia ela mesma ao Santo Sacrifício, durante o qual unia suas orações às do sacerdote, pedindo especialmente em favor daquela alma cuja libertação dependesse apenas de uma última prece.

Algum tempo depois de estabelecer- se em Paris, foi acometida por uma grave enfermidade que não só esgotou suas forças físicas, como lhe fez perder o emprego e consumiu todas as suas economias.

Quando, finalmente, saiu do hospital, sentia-se só, abandonada e sem apoio. Como único patrimônio, restava- lhe no bolso uma moeda de um franco. Possuía, entretanto, algo mais valioso que todo o ouro do mundo: a confiança em Deus e em Nossa Senhora.

Após uma fervorosa oração, dirigiu-se apressadamente a uma agência de emprego. Ao passar em frente à Igreja de Santo Eustáquio, algo a impeliu a entrar. O ambiente elevado, o som do órgão, a tênue luz que penetrava através dos vitrais, revestindo tudo de uma feeria de cores, encheram-na de paz e lhe fizeram esquecer por um momento sua dramática situação.

À vista de um sacerdote que se preparava para celebrar num dos altares laterais, lembrou-se de que naquele mês não havia mandado rezar a costumeira Missa pelas almas do purgatório.

Sempre lhe custara certo esforço reunir algumas moedas para a espórtula, mas hoje isto constituía um verdadeiro sacrifício… entregar o último franco que lhe restava equivalia a não ter mesmo com que saciar a fome naquele dia. A luta interior entre a devoção e a prudência humana foi de curta duração: logo venceu a primeira, pois Jeanne-Marie era pobre dos bens desta terra mas rica de amor de Deus.

Com a firme convicção de que Aquele que disse: “Olhai para as aves do céu que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros” (Mt 6,26), não a desampararia, dirigiu- se à sacristia e, como a viúva pobre do Evangelho, entregou sua última moeda de um franco, solicitando que aquela Missa fosse celebrada na intenção de suas queridas almas do purgatório. Depois de assistir com muita devoção ao Santo Sacrifício, pôs-se novamente a caminho.

Sentia-se mais leve, não pelo vazio de seu bolso… mas porque, desprovida de todo recurso humano, abandonara- se exclusivamente ao beneplácito da Divina Providência. Seu coração, este sim, estava cheio. Cheio de uma nova confiança que sobrepujava certa ansiosa inquietude com relação ao futuro: qual seria seu destino? Caminhava mergulhada nesses pensamentos quando uma voz a interrompeu:

- Estás à procura de um emprego?

- Sim, senhor – respondeu, surpresa e com uma estranha sensação de estar em outro mundo…

- Pois bem, vai à Rua Tivoli nº 48 e fala com a Sra. Zélia. Ela está precisando de uma empregada e te receberá com bondade.

Não foi difícil achar a casa indicada. Chegou justamente no momento em que saía uma moça, resmungando, com um pacote embaixo do braço. Jeanne-Marie lhe perguntou se a dona da casa se encontrava.

- Talvez sim, talvez não! Não me interessa! Ela abrirá a porta se quiser. Não tenho mais nada a ver com isso! – respondeu ela sem se deter. Com mão temerosa, nossa pobre jovem tocou a sineta. Seu medo, porém, logo se dissipou ao ouvir uma voz doce chamando-a para entrar. Ao deparar-se com uma venerável senhora, de olhar bondoso, tomada de coragem, ela lhe expôs o motivo de sua visita:

- Soube que a senhora necessita de uma empregada e vim oferecer-me, pois me asseguraram que aqui seria recebida com bondade.

- Minha cara jovem, o que acabas de me dizer é extraordinário! Hoje pela manhã eu absolutamente não precisava de ninguém. Mas há cerca de uma hora tive de despedir uma insolente empregada, e ninguém no mundo, salvo ela e eu, sabe disso. Quem, pois, te envia?

- Foi um senhor ainda jovem que me parou na rua e me deu essa informação. E estou muito agradecida a Deus e a ele, pois necessito conseguir um emprego ainda hoje, já que não possuo mais um centavo sequer…

A distinta dama permanecia pensativa, não podendo compreender quem seria esse estranho personagem. Jeanne-Marie, erguendo casualmente os olhos, viu um quadro na parede e exclamou:

- É este o homem que me encaminhou para cá! Venho da parte dele!

Ao ouvir estas palavras, Da. Zélia soltou um grito e esteve a ponto de desmaiar. Pediu que a moça lhe contasse como fora o encontro com ele na rua. Ela narrou com simplicidade seu costume de socorrer as almas do purgatório, a Missa que mandara celebrar havia pouco e, por fim, o episódio do encontro com o jovem que se mostrava radiante de felicidade, logo ao sair da igreja. A nobre senhora ouviu tudo com atenção e, no final, disse emocionada:

- Não serás minha empregada, considero-te como filha! Este é meu filho… meu único filho, morto há dois anos, que deve a ti sua libertação das penas do purgatório. Em recompensa de tua generosidade, Deus lhe permitiu enviar-te aqui. Que Deus te abençoe! A partir de agora, rezaremos juntas por todos os que sofrem no lugar de purificação e dependem de uma prece para entrar na bem-aventurança eterna.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Formação do caráter dos dois aos seis anos.

"Também nesta idade o coração é capaz de receber uma educação especial. O pai que trabalha todo o dia para a criança e a mãe que desde cedo até a noite desvela-se por ela, é um poderoso argumento que certamente há de impressionar o terno coração do filho e o levará à gratidão.

Este é o tempo de se destruir o egoísmo. É bom que a criança se mostre de bom coração com seus amigos especialmente os mais pobres. Acostume-se em tempo que ela mesma dê esmola aos pobres, quando lhe baterem à porta. Desta maneira sentirá compaixão para com os infelizes e gratidão para com seus pais que lhe dão o necessário.

Nesta idade, também o sentimento religioso é capaz de educação. A criança prende-se muito ao que vê. É preciso que veja bons exemplos. As orações breves reza-se de boa vontade, de manhã e de noite; mas a criança há de ser convidada a rezá-las com bons modos, escolhendo-se o momento oportuno, não a despertando repentinamente, ou interrompendo à força seus brinquedos, ou ainda repreendendo-a; desta maneira não rezará de boa vontade e além disso, a oração tornar-se-á antipática, é preciso agir de modo que ela se torne agradável e desejada.

Passemos agora a mostrar alguns dos defeitos mais salientes da criança. Convém saber porque elas choram. As crianças choram com muita facilidade. Se o motivo é razoável. agir-se-á de acordo com o que o caso exige. Mas se choram simplesmente por capricho, porque se lhes nega o que pedem, então convém não se fazer caso da sua manhã, e deixá-la a si mesma, é o melhor modo para que se cale. A mãe que se apieda de seu choro, comete um grave erro pedagógico, porque a criança aprenderá a dominá-la, sempre por meio de suas lágrimas e acabará vencendo-a. Desta maneira nunca aprenderá a domar sua própria vontade contra a tirania de todos os seus caprichos.

Muitos filhos, se nunca levam a termo seus projetos pode lhes faltar a perseverança, devem aos seus pais essa desgraça e terão que repetir amargamente: Ah! se meus pais não me tivessem minado tanto!

Os pais devem andar de acordo na educação dos filhos. Se o pai, ao entrar em casa, encontra o filho chorando e nota que a mãe vai acariciar, deixe-o chorar, não se mostre compassivo. A criança vendo que o pai e mãe procedem do mesmo modo há de se calar mais facilmente. Se o marido ou a mulher se tivessem enganado, não devem corrigir ao outro na presença da criança. Um ou outro perderiam a autoridade, e a criança estaria do lado que lhe dá razão e sentiria menos afeto em seu coração por esse motivo, para com aquele que a contraria em todos os seus caprichos.
Se o marido notasse alguma coisa digna de recriminação em sua mulher, não derevá repreende-la diante de todos, mas quando se encontrarem sozinhos de todos.

No fazer a vontade das crianças e no corrigi-las os avós muitas vezes, para não dizermos sempre, impedem a ação educadora dos pias. Os avós tem muitas fraquezas para com os netinhos, mas para o bem deles, devem refrear esse carinho exterior e secundar a obra dos pais. E o mesmo se há de dizer das tias e dos demais membros da família..."

Padre Gaspardo Humberto - Maternidade Cristã - Ed Paulinas, 1947.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Professor enquanto autoridade

A palavra autoridade que aqui tanto é empregada não é usada para sistematizar uma atitude de violência ou de coagir o aluno sob ameaças. Antes de tudo, a palavra autoridade tem sua origem no verbo latino augere, que significa aumentar. Ele também está na origem da palavra autor (ou aumentador), estabelecendo uma relação que deve ser pensada: a autoridade é aquela que aumenta e, sobretudo, eleva. Sim, essa é a função do professor: elevar. E quem eleva necessita sempre fazer um grande esforço, maior até do que o de quem é elevado.

O professor enquanto educador é a autoridade, aquele que eleva. Isso se dá principalmente pelo ensino, mas também no trato com os alunos. Muitos pensam que abrindo mão de uma linguagem própria de um professor pode-se aproximar mais dos alunos. Porém, nem sempre o resultado é esse, como podemos perceber. A linguagem é mais um signo importante de autoridade, que providencia ao professor o devido estado que deve ter.

Não quero defender que o único meio de se comunicar seja a linguagem formal e plenamente erudita, mas ressaltar que ela não pode ser completamente descartada e posta para fora. Parte-se, muitas vezes, do princípio de que o professor, para melhor ser compreendido, deva falar a mesma linguagem do aluno. Para isso, muitos, infelizmente, se rebaixam a um nível até inferior, falando “palavrões” e outras baixarias, como expressões de duplo sentido. Contrário a isso, o ambiente da sala de aula deve ser um ambiente de autoridade, de elevação, do augere. Esse é o esforço que esteve sempre presente nos grandes educadores, o de elevar o aluno ao nível da linguagem do professor, gradualmente, e dentro das limitações de cada série.

O signo mais forte de autoridade do professor é o saber, o conhecimento que é transmitido. Na maioria dos casos, esse é um dos únicos signos de autoridade que permanece hoje em nossos mestres. A linguagem é o meio de mediação desse universo de aprendizagem. Quando o professor abre mão dela e despenca para um vocabulário esdrúxulo, ele já não cumpre com seu papel, não é autoridade e, dificilmente, vai conseguir manter a disciplina na sala de aula. O professor deve ser também referência moral, pois a linguagem dá margem para o entendimento de um código moral, de quais atos são aceitáveis naquele ambiente ou não. Desprovido desse precedente tão importante que é a linguagem, o que um professor pode transmitir aos seus alunos? Além do mais, enquanto educadores, sabemos muito bem que o caminho do saber não passa pela barbárie da grosseria e da falta de educação. Usando uma linguagem inadequada, a intermediação entre mestre e aluno se limita. Não há aquele despertar da curiosidade, tão comum na fase do aprendizado, para algo sadio e bom.

Assim como um agente de trânsito sem seu uniforme é apenas mais um no meio de tantos carros e, literalmente, “não apita nada”, o professor, ao abrir mão de uma vestimenta digna do seu estado, é para os alunos somente mais um entre eles. Quanto mais esse signo de autoridade é transgredido, o significado de que ali está presente um superior, que deve e merece respeito, não fica explícito o quanto deveria. Portanto, o educador que se veste como um aluno de quinze anos pouco vai conseguir, pois já se apresenta como quem tem pouco a oferecer.

Desse modo, podemos concluir que um professor que se apresente com a mesma linguagem, mesma roupa, quando não até pior, que os alunos, pouco ou quase nada poderá oferecer. Mesmo sendo um conceito feito previamente por fatores externos, não podemos deixar de considerar a importância de tais fatores. Obviamente, assim como o exemplo do guarda de trânsito, a conduta do mestre não se resume ao externo, mas esse muito tem a dizer e a impor. É bom lembrar que o foco na relação entre aluno e professor é o princípio de ordem, de respeito e de ensino na sala de aula e que uma coisa está claramente ligada à outra, de forma indissolúvel.

O modo como os alunos se vestem, por menos importante que possa parecer, deve ter seu lugar. O uso do uniforme serve para que o aluno entenda que existem ambientes sociais que exigem determinados comportamentos, deixando clara a ligação existente entre vestimentas adequadas e modos de agir coerentes com o meio. Saber como se portar também faz parte da formação do aluno como um todo. Afinal, não apenas nas escolas o vestuário reflete o comportamento. Não se entra em um fórum ou em uma igreja indevidamente vestido, por exemplo. Além disso, o uso do uniforme é essencial para que o aluno aprenda que, mesmo existindo direitos, existem deveres. Dessa maneira, para o bem do próprio aluno, os uniformes devem ser impostos e, por mais simples que seja, devido à condição social do aluno, o traje deve ser digno e modesto.

Outro fator que não é muito observado é a importância da pontualidade. A transgressão do horário, que muitas vezes se dá principalmente por parte do professor, parece ser vista pelo aluno como um princípio a ser seguido: se nem o professor cumpre os horários estabelecidos, os alunos cumprirão muito menos. E isso é entendido muito bem por eles, tanto nos dias em que o professor está presente na escola, como nos dias em que o mesmo está ausente.


Autor do artigo: Fernando Zanelatto Bodini

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A sala de aula enquanto espaço de ensino

Sabemos através da Antropologia que, em todas as culturas e civilizações, o homem se comunicava por meio de signos, não necessariamente escritos. Esses sinais carregam determinadas informações, das quais, desde muito cedo, aprendemos a abstrair seus conceitos.

Muito se discute sobre a indisciplina na sala de aula e a falta de respeito e de consideração existente ante a figura do professor. Porém, a influência dos sinais de autoridade nessa questão é pouco considerada. O seguinte exemplo demonstra claramente o que eu gostaria de chamar de fatores externos, que não são a única causa do problema, mas muito colaboram no que acontece em nível interno.

Tenhamos em mente o seguinte: um agente de trânsito de uma grande cidade tem a tarefa de controlar o tráfego em uma via de grande movimento. Suponhamos que tal agente se apresente nessa via desprovido de todos os seus distintivos e do seu uniforme. Sem até mesmo o seu apito e o posto elevado, que o facilita ser visto pelos veículos e pedestres. Para cumprir sua missão, o agente começa a gesticular e a falar alto, tentando organizar o intenso fluxo de veículos e de pedestres. Mas, desprovido de qualquer signo de autoridade, o guarda de trânsito é apenas mais uma pessoa entre as outras que passam. Por mais que ele tente se comunicar, ele se mantém incompreendido e, muitas vezes até, nem é notado. Através dessa cena, podemos nos transportar para a sala de aula, pois em muito a atitude dos alunos se aproxima à dos motoristas da via, que passam pelo agente sem respeitar ou obedecer às suas ordens.

O professor hoje parece que está totalmente desprovido dos seus signos de autoridade, sendo entendido como apenas mais um que gesticula e dá ordens. Poucos são os que, através de muito esforço, quando não por gritos e outras atitudes exaltadas, conseguem ter algum controle sobre a massa de alunos existente em uma sala de aula. Vendo um pouco as condições externas do meio de trabalho, em particular o espaço físico da sala de aula, que parece ter um papel tão secundário, gostaria de fazer uma análise mais aprofundada.

Constata-se que a sala de aula hoje é um espaço muito mal planejado quando se pensa no professor. A mesa daquele que deveria ocupar o centro e ser a base de toda a aula fica em um canto, como que escondido. O professor parece acanhado em um mundo do qual somente os alunos interessados se aproximam, driblando o resto da classe que está em um mundo à parte. Também, estar no mesmo nível que os alunos, além de ser um problema de visibilidade e, até mesmo, de acústica, pois a projeção da voz daquele que fala é dificultada, é um exemplo da falta de mais um signo de autoridade. O diálogo com o aluno, erroneamente, acaba se dando ao mesmo nível, em pé de igualdade.

Mesmo não sendo o espaço físico que define plenamente os problemas, este é mais um elemento que colabora para a situação. Esses sinais são abstraídos e entendidos, sem que haja a necessidade de maiores definições. É importante ressaltar que não me proponho a negar que deva existir um diálogo salutar entre professor e aluno. Apenas afirmo que esse diálogo jamais deverá se dar ao mesmo nível, pois o professor e mestre é o detentor do conhecimento e aquele que o deve transmitir, de forma compressível e caridosa, ao aluno.

Mesmo parecendo um detalhe, em muito o espaço físico colabora para a indisciplina e a falta de atenção dos alunos. Estes mal conseguem ver o professor e, muitas vezes, entendem que ele não só está no mesmo nível que o seu, mas em um inferior. Não significa que essa é uma questão de querer amedrontar o aluno ou criar nele algum complexo de inferioridade e de inibição diante do professor, mas colocar os pares dentro dos devidos e merecidos lugares, para que o aluno possa exercer seu papel e o professor, o dele.

Outro ponto é à disposição das carteiras na sala de aula. Comumente elas não estão fixadas ao chão, encontrando-se bagunçadas e desalinhadas, o que impossibilita a circulação do professor na sala ou sua percepção de qualquer ponto de desordem. Aplicando o princípio de que da ordem não se pode vir à ordem, é absolutamente impossível ter uma aula organizada e produtiva. Em um ambiente em que não se encontram bem alinhados e dispostos aqueles que vão para aprender, se a ordem fosse algo tão secundário como muitos querem afirmar, ela não seria um dos primeiros pressupostos para a identificação de uma civilização avançada.

Deixar os alunos irresponsavelmente livres para se movimentarem e disporem da sala tal como lhes parece ser agradável, é uma liberdade com a qual a condição deles não condiz. Tal circunstância seria o mesmo que fosse normal qualquer pessoa interferir no trânsito conforme sua vontade. O professor enquanto autoridade deve ser o ordenador e mantenedor da ordem, primeiramente ao nível físico e, depois, ao nível do saber. É fato que uma aula tem muito mais aproveitamento quando os alunos estão devidamente colocados em lugares fixos e prontos para começarem a aula, pois é próprio do homem que, para ordenar seus pensamentos, lhe é necessário um espaço que favoreça isso.

Outro ponto importante, mas que é ignorado é à entrada do professor na sala, primeiro que ele chega como sendo mais um em um momento em que geralmente os alunos estão agitados, o professor não é notado e não é destacado com dizeres de que “chega” começou a aula, não existe esse momento tão importante onde os alunos esperariam o professor como sendo também um momento de transição, do mundo da brincadeira e do recreio para o momento de estudo e da aula, a agitação continua tomando conta da sala, e o professor só é percebido por alguns no final da aula. Por isso é um remédio estabelecer um momento de silencio que conhecida, de preferência com a entrada do professor, para que principalmente a criança ou adolescente compreenda de forma clara que a aula não é recreio. E outras relações se iniciaram naquele momento diferente das mantidas com os demais alunos e colegas.

A sala de aula é o espaço de trabalho do professor. Ela não é a principal causa ou solução de todos os problemas, mas é sim fator importantíssimo, signo da autoridade, daquele que deverá ser obedecido e de quem vem o conhecimento a ser obtido pelos alunos que, na função de aprendizes, devem saber ter respeito e humildade. Porém, quando isso não lhes é imposto de forma simbólica, parece que há uma maior dificuldade de entendimento dessa relação. Em outros casos, as salas de aula dispostas em um estilo mais tradicional parecem ser o lugar adequado para haver um verdadeiro diálogo e aulas proveitosas para ambas as partes.

Não é por serem tradicionais que a aula deva ser transformada em algo medonho, em que se pressupõe incapacidade por parte do aluno. Apenas, como no exemplo do agente de trânsito acima citado, o professor, desprovido desses sinais de autoridade, dificilmente vai ser entendido e precisará explicitar esses conceitos por meio de broncas, gritos e atitudes descontroladas, o que acaba tumultuando ainda mais a aula. Esse é um assunto que podemos desenvolver ainda mais, mas que aqui me limito a apontá-lo de maneira geral, para uma maior reflexão, como havia proposto inicialmente.

Autor do artigo: Fernando Zanelatto Bodini

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do nascimento aos seis anos

" Há meninos e meninas que tem um caráter tão bom que à primeira vista fazem-se amar. Modéstia, gentileza, benevolência e ao mesmo tempo grande circunspeção que tão lindamente se entrelaçam no seu coração e que manifestam ao exterior na doce expressão do seu olhar. Basta que se apresentem para serem logo preferidos. E por que?

Porque aquele conjunto de belas qualidades que lhe adornam a alma, agrada...e percebe-se que aquela pessoa lhe convém e que pode confiar nela.

...Que é que faz a índole da criança? A educação que recebe desde pequeno; é então que se modela o caráter ou o que chamamos, o natural de cada um.

Entendamos bem: o natural não é virtude. O natural age expontaneamente, sem esforço, e até sem reflexão. Ao passo que a virtude custa trabalho e geralmente é necessária a reflexão. Quem possui um natural bom, mesmo sem perceber faz o bem."

" Quem possui uma boa índole, está sempre tranquilo, porque possui a virtude da constância. Aquele que possui uma boa índole, gozará da simpatia de todos e se fará amar por todo o mundo. Ditosos os pais que se esforçam para formar em seus filho uma boa índole."

"Mas quando é que se forma esta índole?
Em grande parte na primeira idade, antes que a criança chegue ao uso da razão...
Ficamos admirados destas crianças quando as encontramos. Crianças tão educadas, de caráter amável, que se destacam entre cem. Pequenas como são, sabem ser generosas, benévolas, educadas...Que diferença, se as comparamos com outras tantas, que teimosas, caprichosas, rudes, mesmo sendo pequenas.
Por que acontece isso? Porque não receberam boa educação em família...

"Como se forma um bom natural? É preciso rodear o ambiente da criança de paz, de correção, de mútua benevolência, entre os membros da família, numa palavra, de bons exemplos. Quando numa família pai e mãe amam-se cordialmente, quando entre os irmãos e irmãs, reina a mais perfeita harmonia, quando se respeitam os velhos, quando não se fala mal de ninguém, quando com sincera caridade são socorridos os pobres, quando não se age com hipocrisia e principalmente quando na família reina o espírito religioso, ah! então a criança encontra terreno propício para, sem dificuldade adquirir um bom caráter.

Pe. Humberto Gaspardo-Maternidade Cristã ed paulinas 1947.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A virtude da caridade de uma futura mãe

"Uma família onde reina a paz é o paraiso. Mas a paz não pode existir sem caridade. Se se quizer saber qual a causa de tantas desavenças - que ordináriamente terminam em um dilúvio de impropérios e até de blasfêmias, e às vezes em cenas que transformam a vida conjugal e familiar, e atraem a atenção dos vizinhos - é evidente que será sempre a falta de caridade."

"Se aquela bentita mulher tivesse sabido refrear sua língua e dissimular, ou tivesse respondido com uma palavra menos áspera, o incêndio ter-se-ia apagado, e tudo teria terminado alí mesmo. Mas ao contrario, se ela quiser também dizer a sua, e da primeira seguem-se outras, chega-se ao extremo mencionado. A dureza do trato é geralmente a causa de certas antipatias que, arraigando-se no coração, convertem num verdadeiro inferno a vida conjugal."

"...sem a paz falta a boa harmonia, o amor à família, aos interesses da casa. E deste modo tudo vai mal a pior."

"O falar caritativamente, o agir com benevolência, o trato educado e correto não se aprende num momento maxime, porque mais facilmente observamos as faltas alheias e sempre estamos dispostos a aumentá-las e ao contrário, as nossas não as vemos ou se as vemos as diminuímus e desculpamos..."

"Finalmente o ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO. Se a uma mãe falta o espírito de sacrifício falta-lhe a virtude fundamental no seu estado. Por que afinal de contas, nega uma mãe a vida a quem tem o direito de tê-la? Porque não tem espírito de sacrifício. Por que naquela casa nunca há ordem, a roupa esta suja, os filhos mal cuidados, a casa enxovalhada? Porque falta na mãe o spírito de sacrifício. Por que os filhos não rezam as orações do bom cristão e aproveitam tão pouco da escola, e não vão ao catecismo? Porque a mãe não se quer incomodar. Poderiam viver mais folgadamente, evitar gastos inúteis, se a mãe tivesse um pouco mais de espiríto de abnegação."

"Ditosas as mães que inculcam às suas filhas este espírito com exemplo e com as palavras. Este é o melhor dote que lhes possam legar."

Pe. Humberto Gaspardo - Maternidade Cristã, ed Paulinas - 1947.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A virtude da obediência de uma futura mãe

"Não sei se me engano, mas parece-me que a virtude da OBEDIÊNCIA torna-se cada vez mais raro. Lamentam-se constantemente as mães, de que seus filhos não querem obedecer e quando obedecem é somente depois de gritos e de ameaças, ou depois de ter recompensado a obediência com algum prêmio. A mesma dificuldade encontram os patrões para serem obedecidos por seus empregados; a ordem tem que ser repetida muitas vezes e contudo, nem sempre se é obedecido. É no entanto a obediência é muitíssimo necessária e sem ela não pode haver ordem

"Pensai no que aconteceria se algum dia os alunos se negassem a obedecer ao regulamento do colégio, se os soldados se recusassem cumprir as ordens recebidas de seus comandantes. É necessário que a futura mãe de família se acostume a obedecer, mas a obedecer sempre à sua mãe e as mães hão de ceder jamais neste particular. Quando derem uma ordem - naturalmente devem ser razoáveis - sempre devem exigir-lhes obediência a todo custo. Ai delas se cederem...

"Pense a futura mãe que se não se acostumar a obedecer em sua casa encontrará maiores dificuldades em obedecer quando for viver com seu marido. Aí terá que obedecer à sogra, à cunhada, que talvez a querem tanto como os olhos à fumaça. Talvez diga: estaremos somente meu marido e eu. Isto nem sempre é possível, ao menos por algum tempo e ainda que fosse, julga a esposa que mesmo desse modo estará livre? O matrimonio é chamado jugo, e jugo quer dizer sujeição."

"A mulher deve estar sujeita a seu marido e deve seguí-lo onde quer que ele estabeleça sua residência e prestar-lhe obediência em tudo e por tudo, se quiser viver em harmonia. E tudo isto, supondo-se que encontre um bom marido, porque se, ao contrário...então as dificuldades serão maiores."

"E que fará a pobre esposa, acostumada a mandar e não a obedecer? Quão duramente terá que expiar sua má educação e que sofrimento o seu, ter que obedecer a tantos e de tão má vontade. Que necessidade terá de ir em busca de sua mãe para desafogar-se com ela...Ditosa a jovem que desde seus mais tenros anos acostuma-se a obedecer e a dobrar a sua vontade ao jugo da obediência.

"Mães! se quereis com verdadeiro carinho a vossas filhas, sêde fortes e inflexiveis para com alas e exigi delas obediência absoluta às vossas ordens."

Padre Humberto Gaspardo - Maternidade Cristã, ed Paulinas 1947.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alguns pensamentos fundamentais de Dom Bosco para os Educadores

"Tenhamos presente que se a força pune o vício, não cura o vicioso. Assim como não se cultiva uma planta tratando-a com aspereza e violência, assim não é possível educar a vontade sobrecarregando-a com um jugo pesado demais".

"O Educador entre os alunos procure fazer-se amar se quer fazer-se respeitar".

"A familiaridade gera o afeto e o afeto produz confiança. Isso é que abre os corações".

" Se queremos saber mandar, temos primeiro saber obedecer, procurando impor mais com o amor do que com o temor".

"Cheios de paciência e de caridade, aguardemos, em nome de Deus, o momento oportuno para corrigir os alunos". "Não castigue ninguém no próprio instante em que se cometeu a falta".

"Que sua língua não fale uma só palavra enquanto tiver o coração agitado".

"Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não tem proveito algum para quem as merece". "Pensem sempre naquilo que Deus pode dizer de vocês, não naquilo que de vocês, bem ou mal, podem dizer os homens".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os filhos nascem bons ou maus?

"Quais são as inclinações que se manifestam nos primeiros meses ou nos primeiros anos de sua vida? Todas vós, mães estais de acordo em afirmar que as crianças manifestam logo os germes de muitos vícios, especialmente o cíume, a inveja, a ira e a teimosia.

Se fazeis uma carícia a um outro mostra-se logo sentido, deixando-se dominar pela inveja. Ai de vós! se dais um presentinho a um deles, o outro mostra-se logo ofendido e manifesta seu ânimo exasperado contra o irmão.

Em geral, as crianças nascem cheias de defeitos e a seu tempo, manifestam-se também neles germes de sete vícios capitais. Pois bem, muitos filhos foram sempre rodeados de cuidados e jamais viram maus exemplos. Como se explica então esse problema? Direi logo em seguida: As crianças nascem más, porque procedem de uma fonte má.

Suponhamos que uma garrafa tem vinho ruim: se pusermos um pouco desse vinho em um recipiente, esse vinho será mau, porque mau era o vinho da garrafa. Pois se a mãe fosse perfeita, também os filhos seriam perfeitos. Mas a mãe tem defeitos, de quem será a culpa? Da avó, e assim remontariamos até chegar á primeira mulher, Eva, passando de mãe em mãe, de avó em avó, pois foi ela que deitou a perder o primeiro homem. Adão.

Deus os havia criado perfeitos, mas els livremente pecaram e desta maneira envenenaram as fontes do gênero humano. O sangue que corre em nossas veias é o sangue de Adão e Eva. Vêde porque as crianças nascem más.

A mãe de família deve usar de toods os remédios que nos oferece a religião para se conserver na graça de Deus e contrabalançar os efeitos nocivos do pecado original. Além disso deve procurar melhorar-se a si mesma na alma e no corpo.

Não há esforço realizado por uma mãe dirigido ao seu próprio aperfeiçoamento, nem bom pensamento ou afeto nobre ou propósito generoso de bem agir, que não produza impressão favorável em todo o organismo e não consiga vantagem sobre a função gerativa.

Pe. Humberto Gaspardo - Maternidade Cristã, ed.Paulinas - 1947.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

“Sempre trabalhei com amor”

“ Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem dos nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela sempre foi o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mal humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu seviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos orsenou que aprendêssemos dele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais se conseguirem uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não e não tem proveito algum para quem as merece. ”

São João Bosco - Dom Bosco (1815-1888), citado em: "Liturgia das Horas-vol III", págs.1225-1226, Ed.Vozes, 1996.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Como uma mãe deve proceder com seu filho.

"Uma pobre mãe empregou toda a sua vida em criar e educar o seu filho e agora esse filho esquece-se de tudo, da seu coração a outros, e não somente se mostra frio mas também em certas ocasiões é cruel para com sua mãe."

"Não é este um fato doloroso? Há filhos que negam às próprias mães aquilo que lhe é devido a acrescentam às feridas que as fazem chorar, a privação das coisas de primeira necessidade. Pobres mães desconsoladas! A ingratidão é sempre uma espada que transpassa o coração, mas a ingratidão de um filho para com sua mãe, principalmente quando já está ela acabrunhada pelos anos e pelos sacrifícios, é um delito de tal natureza que provoca a maldição de Deus"

"Mas qual é a causa de um fato tão digno de ser deplorado? O ambiente? Os companheiros? Os desgostos de família? O vício? Todas estas coisas tem a sua parte, mas o mal, nem sempre, porém, mas muitas vezes, deve ser atribuído a mesma mãe, que não soube conquistar o coração do filho.
É preciso conquistar o coração de seu filho? Isso será necessário para uma professora, para uma preceptora, para um superior com relação aos seus súditos, mas nunca para uma mãe que naturalmente possui já o coração de seus filhos. É mãe! E basta!"

"Com efeito, o segredo para se conquistar um coração é o amor. Pois bem. Quem pode amar mais que uma mãe? A mãe comunica a vida ao filho, nutre-o primeiro com seu próprio sangue, depois com seu leite, ve na criança uma parte de si mesma e por isso ama-a mais que a si mesma."

"Que sacrifício se recusaria mais a fazer uma mãe pelo fruto de suas entranhas? Priva-se do necessário, vive para ele e por ele se consome.
Há mães felizes, verdadeiramente invejadas, que gozam no meio de seus filhos de todas as honras devidas à dignidade materna. São amadas, obedecidas, respeitadas. Os filhos, à porfia, esforçam-se para dar à mãe demonstrações de sincero afeto.
Mães verdadeiramente felizes souberam conquistar o coração de seus filhos?
Mas o que se deve fazer para consegui-los? Primeiramente, é isso possível? Com toda certeza, é nisso que se apoia a felicidade de uma mãe de família. No modo de o conseguir há mães se enganam miseravelmente. Cuidam que para ganhar o coração dos filhos nunca devem contradize-los nem desgostá-los, mas satisfazerem-lhes todas as vontades. Fomentam seus caprichos e quando se tornam intratáveis procuram acalmá-los com beijos, carícias,, presentes, promessas e palavras ternas."

"Se há coisa mais prejudicial para os filhos é certamente esse modo de agir.
O coração da criança é um viveiro de todas as paixões, boas e más. Se as más inclinações são reprimidas em tempo, acalmam-se e até mesmo, as vezes, desaparecem, mas, ao contrário, se elas dominam, pior ainda se não fomentadas, crescem desmesuradamente e chegam a tiranizar seu coração."

"A mãe que acaricia excessivamente os seus filhos, que lhes faz a vontade em tudo, agasalha em seus corações um ninho de serpentes que com o tempo devorarão o amor filial."

"Ao contrario para granjear o amor de seus filhos é preciso amá-los com amor, ainda que terno, racional e santo. Convém não esquecer que é necessário guiar-se, mais que pelo coração, pela razão.
Respeite a mãe a seus filhos, um grande inconveniente para se conquistar o carinho são as palavras injuriosas, os ditos degradantes, a cólera e os castigos injustos.
Semelhantes procedimentos servem somente para exasperar os filhos e faze-los perder o respeito, nunca para educá-los. Nunca deverá corrigi-los quando notar que estão excitados. Seja amável, mas enérgica. Use de boas maneiras, para com eles: ficarão sem dúvida gravada por muito tempo em sua alma estas delicadezas. A arte de educar aprende-se aos pés do Sacrário. Sem religião não é possível ser bons educadores."

Pe. Humberto Gaspardo - Maternidade Cristã - ed. Paulinas 1947.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não ao coletivo. Virtude e caráter!

A carência de autoridade e de outros atributos faz com que as escolas renunciem seu verdadeiro papel de educar quando deve, e não analisando os processos e virtudes, se abre a afirmar que o único valor é não ter valor e em nome disso força aos alunos que também renunciem esses valores, religiosos ou morais quando ainda existentes, quando vemos renomados autores afirmando que isso não deve ocorrer e como é prejudicial para os alunos para sua formação e a construção do caráter do jovem tão ignorado, e que vemos que o que resulta disso é uma sociedade decadente de seus valores originais.

Introdução:
Diante do mundo moderno que carece de tantos valores morais e patriarcais, percebemos que mais que simples fundamentos da sociedade, e condições sem as quais o homem não pode conviver para chegar o bem comum, muito menos para uma educação que seja verdadeiramente base de um indivíduo em uma sociedade que forçosamente, em nome de um “coletivo” que força pacificamente, a todos os alunos a se enquadrarem em uma educação única, sem levar em conta a origem, religião e valores que devem ser construídos na criança para não se ter uma educação apenas coletiva, o que se dá até nos meios humanísticos, mas verdadeiramente humanística


Ao vermos uma crescente violência para se impor a todos os alunos uma ideologia de que o ensino em suas diversas áreas deve ser igual a todos, e todos são iguais, isso vem gerando uma verdadeira violência, que força a todos a serem moldados de acordo com uma única forma, não respeitando nem as evidencias naturais mais notáveis como a enorme diferença que existe entre meninos e meninas, fazendo uma educação forçosamente mista, uma educação que se diz libertaria dos moldes antigos, mas impõe uma ditadura do relativismo e do caos generalizado, deixando de lado a consciência de uma autoridade, para o caos generalizado, passando por cima da educação para cair em um abismo do obscurantismo relativista, deixando a certeza das coisas imutáveis e a autoridade suprema que é Deus do qual vem toda a autoridade, o qual a educação laicizante e partidária que vemos desabrochar seus frutos inadequados são fortemente visíveis, em uma sociedade decadente e que se orgulha do caos, da falta de formação da renuncia de seus princípios, para o que muitos se orgulham de dizer que seria uma nova educação, uma nova forma de educar o que é na verdade mais uma decadência dos primeiros mestres que ensinavam com seus exemplos para chegarmos a mestres e professores que no dia a dia renuncia a toda moralidade básica exigida para dar lugar a uma total vulgaridade, pensando que em nome de uma revolução nos meios de aprendizagem estão a fazer algo de útil.
Mas primeiramente é de extrema importância analisar a origens possíveis da palavra autoridade, que vem sendo deturpado em nome de um liberalismo doentio, de princípios marxistas que se infundem no próprio caráter de renuncia pedagógica de qualquer hierarquia ou de uma forma consistente de autoridade.
Autoridade seria a junção de duas palavras latinas “Autor”, que quer dizer aquele que tem o conhecimento, tal como o autor de uma obra que conhece plenamente seu trabalho, a autoridade é aquela que deve deter o conhecimento, tanto pratico como teórico e o verdadeiro domínio sobre o assunto, e muitas vezes nos deparamos com um problema já nessa primeira parte, pois muitos professores renunciam totalmente que possuem o saber, ou que estão nas escolas para ensinar, pensam apenas estar La para ser expositores ou algo tão indefinido que nem podemos direito definir para que coisa superficial veio a ser o professor quando falamos de conhecimento, que muitas vezes vem se tornando de uma carência de objetividade e de princípios, talvez mais uma vez levada por conceitos tão materialistas e técnicos das ciências o que seria outra discussão, que não cabe agora, mas que sem duvida é uma das coisas que apontam para isso também, mas que muitos têm culpa por espontaneamente renunciarem ao conhecimento. O segundo ponto mais firme dessa palavra é o “augere” esse verbo que quer dizer aumentar sobre tudo, ou seja, a autoridade é quem tem o conhecimento e eleva, aumenta e acrescenta o saber que detém logo o esforço principal esta na autoridade que deve elevar, e essa elevação deve o principal esforço a autoridade que deve tirar de baixo e levar para cima seus subordinados. Portanto o esforço e a esse aumentar do saber deve ser o múnus do educador, e não ser mais uma atração circense para o aluno poder se sentir livre, feliz e dignificado por estar aprendendo de um professor que renuncia todos esses quesitos básicos, para se tornar um ser tão imaterial como o materialismo educacional, como poderia cha o que temos diante de nós hoje, e que dá seus frutos tão passados em uma sociedade que não valoriza mais o verdadeiro saber, nem mesmo o s que deveriam ser guardiões integrais e educar verdadeiramente com exemplo e pratica as crianças e jovens que serão a sociedade de amanha.

Parece ser de muita importância, excluir qualquer iniciação sexual feita coletivamente nas escolas, nos mistérios da vida quem deve iniciar os adolescentes são os pais.
Só o lar reúne condições psicológicas e morais para uma educação sadia e eficientes para matéria tão delicada e que preserve tanto a individualidade do aluno.
A propaganda em favor da iniciação sexual nas escolas é toda baseada num falso principio pedagógico: isto é, na opinião de que a corrupção nasce da ignorância. A verdadeira pedagogia concentra os seus esforços na formação da vontade e na educação do caráter e evita despertar imagens e curiosidades insanas a que não resistiriam as consciências ainda mal formadas.

F.W. Förster, professor de filosofia e pedagogia nas Universidades de Viena, Zurich e Munich, aponta como erro perigoso “a idéia de que a depravação sexual da juventude moderna seria o resultado da insuficiência do ensino sobre a questão sexual, enquanto que a verdadeira causa deve ser unicamente procurada na terrível baixa na educação do caráter e no delírio do prazer, comum em nossa época. Num meio assim que significa o ensino? Se o homem não é elevado por uma concepção mais alta da vida, o ensino tendera, no Maximo, a excitar-lhe a curiosidade do que não lhe diz (sexualethik und sexualpadagik, trad. Franc.,p.203)

Stanley Hall, o príncipe dos pedagogos norte americanos, depois de assinalar as crises da alma e as perturbações nervosas que são muitas vezes as conseqüências de semelhantes intervenções prematuras, conclui que “devemos detestar toda espécie de iniciação coletiva” (Educational Problems, New York,vol.I.)

O Dr. W. Stekel, especialista de psicoterapia em Viena, no seu estudo sobre “Estados de angustia nervosa e seu tratamento”, Berlim,p 310, conclui as suas reflexões sobre o assunto com estas palavras: “Sou adversário declarado do sistema de iniciação que se propaga atualmente e que se me afigura uma epidemia mental, uma espécie de exibicionismo psíquico. A iniciação coletiva nas escolas é um pensamento monstruoso cuja realização acarretaria inumeráveis choques sexuais... A questão só pode ser solucionada individualmente, e o melhor meio seria que, a começar de certa idade, os pais introduzam nas conversas coisas sexuais como coisas naturais, sem exposição solene nem cerimônias misteriosas. Não esqueçamos que a raiz de todos os desejos maus é a curiosidade sexual e que a iniciação precoce dos meninos seria, para o desenvolvimento da humanidade, um grande prejuízo cultural”.

Considerações finais:
Por isso vemos vai uma vez que a única solução para uma verdadeira educação humanística deve ser respeitar a moral principalmente a religiosa, tão desprezada hoje nos próprios colégios religiosos, e que a educação materialista, baseada em uma pedagogia moderna que por seu fim que não seja outro que a formação da boa personalidade incrementada de virtudes e de bom caráter, deve ser sempre almejada pelo professor que com certeza sempre com muito respeito deve ser a autoridade que tanto esta vacante nos dias atuais.

Afirmando sem mais pretensões que hoje se necessita para o ressurgimento de uma verdadeira educação uma verdadeira rejeição a todo determinismo de ferro escravizado para sempre ao mal, inúteis, todos os esforços de reabilitação, a miséria do pecado pesa como uma finalidade inexorável sobre toda a raça degenerada dos humanos. Sobreviventes apenas a concupiscência identificada como o pecado irresistível para o mal, por este feixe da natureza, tiranizam, anormais, todas as manifestações de seu dinamismo. ou seja com essa nova pedagogia, o homem, é reduzido a impotência nas suas mais nobres faculdade espirituais, é entregue ao domínio irresponsável dos seus instintos indisciplinados como propõe horrivelmente e erroneamente Freud.

Autor do artigo: Fernando Zanelatto Bodini

Referencias Bibliográficas:

Franca, Leonel: A formação da Personalidade
Franca, Leonel: A crise do mundo moderno.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Sistema Preventivo na Educação dos Jovens - Dom Bosco

1.Em que consiste o Sistema Preventivo e por que se deve preferir

São dois os sistemas até hoje usados na educação da juventude: o Preventivo e o Repressivo. O Sistema Repressivo consiste em fazer que os súbditos conheçam a lei, e depois vigiar para saber os seus transgressores e infligir-lhes, quando necessário, o merecido castigo. Nesse sistema, as palavras e o semblante do superior devem constantemente ser severos e até ameaçadores, e ele próprio deve evitar toda a familiaridade com os dependentes. O diretor, para dar mais prestígio à sua autoridade, raro deverá achar-se entre os dependentes e quase unicamente quando se trata de ameaçar ou punir. Esse sistema é fácil, menos trabalhoso. Serve especialmente para soldados e, em geral, para pessoas adultas e sensatas, que devem, por si mesmas, estar em condições de saber e lembrar o que é conforme às leis e outras prescrições.

Diferente e, eu diria, oposto é o Sistema Preventivo. Consiste em tornar conhecidas as prescrições e as regras de uma instituição, e depois vigiar de modo que os alunos estejam sempre sob os olhares atentos do diretor ou dos assistentes. Estes, como pais carinhosos, falem, sirvam de gula em todas as circunstâncias, dêem conselhos e corrijam com bondade. Consiste, pois, em colocar os alunos na impossibilidade de cometerem faltas.

O sistema apóia-se todo inteiro na razão, na religião e na bondade. Exclui, por isso, todo o castigo violento, e procura evitar até as punições leves. Parece preferível pelas seguintes razões:

1. O aluno, previamente avisado, não fica abatido pelas faltas cometidas, como sucede quando são levadas ao conhecimento do superior. Não se irrita pela correção feita nem pelo castigo ameaçado, ou mesmo infligido, pois a punição contém em si um aviso amigável e preventivo que o leva a refletir e, as mais das vezes, consegue granjear-lhe o coração. Assim o aluno reconhece a necessidade do castigo e quase o deseja.

2. A razão mais essencial é a volubilidade do menino, que num instante esquece as regras disciplinares e o castigo que ameaçam. Por isso é que, amiúde, se torna um menino culpado e merecedor de uma pena em que nunca pensou, e de que absolutamente não se lembrava no momento da falta cometida, e que teria por certo evitado, se uma voz amiga o tivesse advertido.

3. O Sistema Repressivo pode impedir uma desordem, mas dificilmente melhorará os culpados. Diz a experiência que os jovens não esquecem os castigos recebidos, e geralmente conservam ressentimento acompanhado do desejo de sacudir o jugo e até de tirar vingança. Podem, às vezes, parecer indiferentes; mas quem lhes segue os passos sabe quão terríveis são as reminiscências da juventude. Esquecem facilmente os castigos que recebem dos pais; muito dificilmente, porém, os dos educadores. Há casos de alguns que na velhice se vingaram com brutalidade de castigos justos que receberam nos anos de sua educação. O Sistema Preventivo, pelo contrário, granjeia a amizade do menino, que vê no assistente um benfeitor que o adverte, quer fazê-lo bom, livrá-lo de dissabores, castigos e desonra.

4. O Sistema Preventivo predispõe e persuade de tal maneira o aluno, que o educador poderá em qualquer lance falar-lhe com a linguagem do coração, quer no tempo da educação, quer ao depois. Conquistado o ânimo do discípulo, poderá o educador exercer sobre ele grande influência, avisá-lo, aconselhá-lo, e também corrigi-lo, mesmo quando já colocado em qualquer trabalho ou empregos públicos, ou no comércio. Por essas e muitas outras razões, parece que o Sistema Preventivo deve preferir-se ao Repressivo.

2. Aplicação do Sistema Preventivo

A prática desse sistema baseia-se toda nas palavras de S. Paulo: “Charitas benigna est, patiens est; omnia suffert, omnia sperat, omnia sustinet”. A caridade é benigna e paciente; tudo sofre, mas espera tudo e suporta qualquer incômodo. Por isso, somente o cristão pode aplicar com êxito o Sistema Preventivo. Razão e Religião são os instrumentos de que o educador se deve servir; deve inculcá-los, praticá-los ele mesmo, se quiser ser obedecido e alcançar os resultados que deseja.

1. Deve, pois, o diretor consagrar-se totalmente aos seus educandos: jamais assuma compromissos que o afastem das suas funções, Pelo contrário, permaneça sempre com seus alunos, todas as vezes que não estiverem regularmente ocupados, salvo estejam por outros devidamente assistidos.

2. A moralidade dos professores, mestres de oficina, assistentes, deve ser notória. Esforcem-se eles por evitar, como epidemia, toda a sorte de afeições ou amizades sensíveis com os alunos, e lembrem-se de que o descaminho de um só pode comprometer um instituto educativo. Veja-se que os alunos não fiquem jamais sozinhos. Porquanto possível, os assistentes sejam os primeiros em achar-se no lugar onde os alunos se devem reunir; entretenham-se com eles enquanto não vier um substituto; nunca os deixem desocupados.

3. Dê-se ampla liberdade de correr, pular e gritar, à vontade. Os exercícios ginásticos e desportivos, a música, a declamação, o teatro, os passeios, são meios eficacíssimos para se alcançar a disciplina, favorecer a moralidade e conservar a saúde. Mas haja cuidado em que a matéria das diversões, as pessoas que tomam parte, as falas, não sejam repreensíveis. “Fazei quanto quiserdes”, dizia o grande amigo da juventude, S. Filipe Néri, “a mim me basta não cometais pecados”.

4. A confissão freqüente, a comunhão freqüente e a missa cotidiana são as colunas que devem sustentar um edifício educativo, do qual se queira eliminar a ameaça e a vara. Nunca se obriguem os jovens a freqüentar os santos sacramentos: basta encorajá-los e dar-lhes comodidade de se aproveitarem deles. Nos exercícios espirituais, tríduos, novenas, pregações, catecismos, ponha-se em relevo a beleza, a sublimidade, a santidade da Religião, que oferece meios tão fáceis, tão úteis à sociedade civil, à paz do coração, à salvação da alma, como são precisamente os santos sacramentos. Dessa maneira, estimulam-se os meninos a querer, espontaneamente, essas práticas de piedade; haverão de cumpri-las de boa vontade, com prazer e fruto.

5. Use-se a máxima vigilância para impedir que entrem no instituto companheiros, livros ou pessoas que tenham más conversas. A escolha de um bom porteiro é um tesouro para uma casa de educação.

6. Todas as noites, após as orações de costume e antes que os alunos se recolham, o diretor, ou quem por ele, dirija em público algumas afetuosas palavras, dando algum aviso ou conselho sobre o que convém fazer ou evitar. Tire-se a lição moral de acontecimentos do dia, sucedidos em casa ou fora; mas a sua alocução não deve passar de dois ou três minutos. Essa é a chave da moralidade, do bom andamento e do bom êxito da educação.

7. Afaste-se como a peste a opinião dos que pretendem diferir a primeira comunhão para uma idade demasiado adiantada, quando em geral o demônio já se apossou do coração dos meninos, com incalculável dano da sua inocência. Conforme a disciplina da Igreja primitiva, costumava dar-se às crianças as hóstias consagradas que sobravam da comunhão pascal. Isso demonstra quanto preza a Igreja sejam os meninos admitidos mais cedo à santa comunhão. Quando uma criança pode distinguir entre Pão e pão, e revela instrução suficiente, já não se olhe para a idade, e venha o Soberano Celeste reinar nessa alma abençoada.

8. Os catecismos recomendam a comunhão freqüente: S. Filipe Néri aconselhava-a cada oito dias e ainda mais amiúde. O Concílio Tridentino diz claro que deseja sumamente que todos os fiéis, quando ouvem a santa missa, façam também a comunhão. Porém seja a comunhão não só espiritual, mas ainda sacramental, a fim de que se tire maior fruto desse augusto e divino sacrifício (Concílio Tridentino, Sess. XXII, capítulo VI).

3. Utilidade do Sistema Preventivo

Dir-se-á que esse sistema é difícil na prática. Observo que da parte dos alunos torna-se bastante mais fácil, agradável e vantajoso. Para o educador, encerra alguma dificuldade que, porém, diminuirá se ele se entregar com zelo à sua missão. O educador é um indivíduo consagrado ao bem de seus alunos: por isso, deve estar pronto a enfrentar qualquer incômodo e canseira, para conseguir o fim que tem em vista: a formação cívica, moral e científica dos seus alunos.

Além das vantagens acima expostas, acrescenta-se ainda o seguinte:

1. O aluno conservará sempre grande respeito para com o educador e lembrará com gosto a educação recebida e considerará ainda os seus mestres e demais superiores como pais e irmãos. Esses alunos, nos lugares para onde forem, serão, as mais das vezes, o consolo da família, cidadãos prestimosos e bons cristãos.

2. Qualquer que seja o caráter, a índole, o estado moral do aluno ao ser admitido, podem os pais viver seguros de que seu filho não vai piorar, e considera-se como certo que se alcançará sempre alguma melhora. Antes, meninos houve que depois de terem sido por muito tempo o flagelo dos pais, e, até, rejeitados pelas casas de correção, educados segundo esses princípios, mudaram de índole e caráter, deram-se a uma vida morigerada, e presentemente ocupam posição distinta na sociedade, tornando-se, desse modo, o amparo da família e honra do lugar em que moram.

3. Os alunos que por acaso entrassem num instituto com maus hábitos, não podem prejudicar os seus companheiros. Nem os meninos bons poderão ser por eles contaminados, porque não haveria tempo, nem lugar, nem ocasião, pois o assistente, que supomos presente, logo lhes acudiria.

4. Uma palavra sobre os castigos

Que norma seguir para dar castigos? — Por quanto possível, jamais se faça uso de castigos. Quando, porém, a necessidade o exige, observe-se quanto segue:

1. O educador entre os alunos procure fazer-se amar se quer fazer-se respeitar. Nesse caso, a subtração da benevolência é um castigo que desperta emulação, infunde coragem sem deprimir.

2. Entre os meninos é castigo o que se faz passar por castigo. Observou-se que um olhar não amável produz para alguns maior efeito que uma bofetada. O elogio quando uma ação é bem feita. a repreensão quando há desleixo, é já um prêmio ou castigo.

3. Salvo raríssimos casos, as correções, os castigos, nunca se dêem em público, mas em particular, longe dos companheiros, e empregue-se a máxima prudência e paciência para que o aluno compreenda a sua falta, à luz da razão e da religião.

4. Bater, de qualquer modo que seja, pôr de joelhos em posição dolorosa, puxar orelhas, e outros castigos semelhantes, devem-se absolutamente banir, porque são proibidos pelas leis civis, irritam sobremaneira os jovens e desmoralizam o educador.

5. Torne o diretor bem conhecidas as regras, os prêmios e os castigos sancionados pelas leis disciplinares, a fim de que o aluno não possa desculpar-se dizendo: “Eu não sabia que isso era mandado ou proibido”.

Se em nossas casas se puser em prática este sistema, creio poderemos alcançar grande resultado, sem recorrermos a pancadarias, nem a outros castigos violentos. Há quarenta anos, mais ou menos, que trato com a juventude, não me lembra ter usado castigo de espécie alguma. Com o auxílio de Deus, não só obtive sempre o que era de dever, mas ainda o que eu simplesmente desejava, e isso daqueles mesmos meninos dos quais se havia perdido a esperança de bom resultado.

Pe. Giovanni Bosco.

"A Pedagogia de Dom Bosco em seus escritos", Editora Salesiana, 2004, São Paulo,
pág. 8 - 13 e 23 - 32.