sábado, 31 de dezembro de 2011

Indulgência Plenária a todos que rezarem o Te Deum no primeiro dia do ano

A Santa Madre Igreja concede Indulgência Plenária a todos os fiéis que rezarem o Te Deum no primeiro dia do ano sob as seguintes condições: Ter se confessado antes da Missa e ter assistido à mesma e rezar no final a oração do Te Deum.

NÓS VOS DAMOS GRAÇAS,
Ó DEUS, PAI ETERNO,
PELO ANO QUE AGORA TERMINA

Nós Vos louvamos, ó Deus,
nós Vos bendizemos, Senhor.
Toda a terra Vos adora,
Pai eterno e omnipotente.

Os Anjos, os Céus e todas as Potestades,
os Querubins e os Serafins Vos aclamam sem cessar:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos Exércitos,
o céu e a terra proclamam a Vossa glória.

O coro glorioso dos Apóstolos,
a falange venerável dos Profetas,
o exército resplandecente dos Mártires
cantam os Vossos louvores.

A Santa Igreja anuncia por toda a terra a glória do Vosso nome:
Deus de infinita majestade, Pai, Filho e Espírito Santo.

Senhor Jesus Cristo, Rei da Glória,
Filho do Eterno Pai,para salvar o homem,
tomastes a condição humanano seio da Virgem Maria.

Vós despedaçastes as cadeias da morte e abristes as portas do Céu.
Vós estais sentado à direita de Deus, na glória do Pai,
e de novo haveis de vir para julgar os vivos e os mortos.

Socorrei os Vossos servos, Senhor,
que remistes com o Vosso Sangue precioso;
e recebei-os na luz da glória, na assembleia dos Vossos Santos.

Salvai o Vosso povo, Senhor,
e abençoai a Vossa herança;
sede o seu pastor e guia através dos tempos
e conduzi-os às fontes da vida eterna.

Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida
e louvaremos para sempre o Vosso nome.
Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.

Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós.
Desça sobre nós a Vossa misericórdia,
porque em Vós esperamos.

Em Vós espero, meu Deus,
não serei confundido eternamente.


LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

PARA SEMPRE SEJA LOUVADO, NO CÉU E NA TERRA,
COM SUA MÃE, MARIA SANTÍSSIMA!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O segundo pedido

Frei Martinho, sacristão de um convento franciscano, na Itália, cumpria suas funções com a maior perfeição. Esmerava-se em deixar alvíssimas e bem engomadas as toalhas do altar. Nunca se via sequer um resto de cera ou de pó no presbitério, e os cálices e cibórios estavam sempre reluzentes.

"A limpeza é o luxo do pobre", dizia a si mesmo, enquanto trabalhava com redobrado empenho, por tratar-se do culto a Nosso Senhor. Na vida de voluntária pobreza, abraçada por amor a Ele, queria servi-Lo da forma mais excelente, pois, além do senso do dever, brilhava na alma de Frei Martinho uma profunda devoção a Jesus Eucarístico.

Quando o sacristão terminava seus afazeres, dirigia-se invariavelmente aos pés do tabernáculo e lá ficava rezando, em colóquios íntimos com o Senhor. Às quintas-feiras, havia no convento Adoração solene ao Santíssimo Sacramento, e ele sempre conseguia organizar o serviço de forma a passar longo tempo ajoelhado aos pés do ostensório.

Aproximava-se, por aqueles dias, a festa do Padroeiro do convento. Frei Martinho estava encarregado de preparar as alfaias litúrgicas e decorar a igreja para a Missa solene. Sempre ativo e dedicado, conseguira belas flores para ornar o altar, o que não era fácil naquela estação do ano.

Já na noite anterior, deixara tudo pronto para a Celebração. Queria ter nesse dia o mínimo possível de ocupações, pois assim poderia assistir à Santa Missa com maior recolhimento e receber mais fervorosamente Jesus em sua alma.

Mas qual não foi sua surpresa quando o Padre Guardião o escalou para a função de esmoler naquela jornada festiva! Era preciso conseguir sem demora um reforço de provisões, pois a casa estava lotada: além dos frades vindos de outros conventos, havia um grupo de peregrinos carentes. E a despensa estava quase vazia... Corria-se o risco de servir um frugal almoço aos visitantes e despedi-los sem jantar.

Como bom religioso, Frei Martinho obedeceu prontamente e com alegria. Apenas pedia a Nosso Senhor Sacramentado a graça de retornar a tempo para assistir à Missa da tarde e recebê-Lo em seu coração.

Acompanhado por Frei Salomão, bateu de porta em porta durante várias horas. Porém, as almas caridosas pareciam ter desaparecido da região! Somente ganharam alguns velhos pãezinhos, não conseguiram sequer os legumes necessários para uma humilde sopa...

Começava a cair a tarde quando entraram numa pequena capela próxima do lugar onde estavam. Ali pediram com muita confiança à Virgem Maria que os ajudasse não só a obter os mantimentos necessários para a comunidade, mas também a retornar a tempo para assistir à Missa e receber o Corpo de Jesus.

Pouco depois de recomeçarem seu trabalho, encontraram um camponês guiando uma pequena carroça, o qual, depois de cumprimentá- -los com respeito e pedir-lhes a bênção, perguntou:

- Meus bons frades, os senhores parecem preocupados... Precisam de alguma ajuda?

Frei Martinho explicou-lhe a dificuldade pela qual passavam, e logo o camponês deu a solução:

- Vejam como Nossa Senhora é boa por fazer-me passar por esta rua justamente agora! Aqui está um saco com batatas, cenouras, rabanetes e tomates. E neste outro estão dois grandes pernis. Agora entendo por que não consegui vender tudo na feira... É que Nossa Senhora decidiu reservar isto para o convento. Pois bem, podem levar tudo. Dou de muito bom gosto.

Os dois frades agradeceram de coração ao generoso camponês, prometeram-lhe orações por ele e sua família, e tomaram alegres o caminho de volta. Contudo, era longa a distância a percorrer e chegaram ao convento quase no fim da tarde. Entregaram as provisões ao irmão cozinheiro, limparam-se da poeira do caminho e rumaram apressadamente para a igreja, onde ainda ressoavam as melodias eucarísticas.

Entretanto, a Missa havia terminado... Não tiveram sequer o consolo de receber a Comunhão! Nossa Senhora havia atendido tão generosamente o primeiro de seus pedidos. Por que não quisera fazer o mesmo com o segundo?

Consternados, puseram-se de joelhos aos pés do tabernáculo e fizeram a Jesus um amoroso queixume:

- Senhor, por que nos abandonastes? Quanto queríamos participar desta Missa! Entretanto, por amor à obediência, ficamos privados de Vos receber na Eucaristia!

Aos poucos, a igreja foi se esvaziando, mas os dois religiosos lá ficaram em oração. De repente, viram surgir no presbitério um varão alto, cheio de nobreza e com uma fisionomia reluzente.

- A Rainha do Céu ouviu comprazida vossas súplicas - disse ele - e mandou-me para atendê-las. Ajoelhai-vos junto à mesa da Comunhão e preparai os vossos corações para receber dignamente Seu Divino Filho.

O Anjo de luz abriu o sacrário, tomou o cibório e ministrou-lhes a Sagrada Comunhão. Depois, fez um curto ato de adoração ao Santíssimo Sacramento, recolocou-O no tabernáculo, e desapareceu.

Lágrimas de consolação corriam pelas faces de Frei Martinho e Frei Salomão. Depois de uma longa ação de graças, a mais abençoada de suas vidas, foram narrar ao Padre Guardião o acontecido. Este mandou tocar o sino para reunir os outros frades e dirigiram-se todos à capela do Santíssimo, a fim de agradecer a Deus tão insigne graça. E aí viram - oh maravilha! - que o Anjo havia deixado uma marca de sua passagem: em belíssimas letras douradas, as iniciais de Jesus e de Maria!

Irmã Ana Rafaela Maragno, EP

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O ramo seco florido

Há muito tempo, numa cidadezinha do antigo Reino da Baviera vivia o Conde Guilherme, nobre de corpo e de alma, possuidor de grande fortuna. Católico exemplar, tudo fazia para louvar a Deus: não faltava à Missa um dia sequer, cumpria todos os Mandamentos, dava esmolas aos pobres e protegia os desamparados. Sobretudo, queria ter sempre sua alma branca como a neve e por isso confessava com verdadeiro arrependimento todas as suas faltas, por menores que parecessem.

Certo dia, passeando pelo seu vasto trigal, alegrou-se muito ao ver como estava crescido. As belas espigas ondulavam ao sopro da brisa e brilhavam como milhões de pedacinhos de ouro cobrindo todo o campo. Entretanto, divisou ele no fundo daquele imenso tapete dourado uma larga mancha escura. Que seria aquilo?

Logo constatou tratar-se de um monte de troncos e galhos secos esmagando parte de sua plantação. Quem o teria posto aí? Seu vizinho? Sim, só poderia ter sido ele, concluiu o conde, um tanto apressadamente. Sem pensar duas vezes, chamou alguns empregados e mandou que jogassem no trigal do vizinho todos aqueles troncos e ramos. Isto feito, voltou para seu castelo e esqueceu-se do caso.

Chegado o tempo, a colheita foi excelente: os celeiros do conde se abarrotaram de trigo. Um peso de consciência, porém, lhe turvava a alegria: o pequeno trigal do vizinho, pensava ele, com certeza tinha produzido menos do que poderia, por causa do monte de lenha seca ali jogado por sua ordem. Como pudera ele, dono de imensas plantações, fazer essa maldade com o vizinho pobre?

Sinceramente arrependido por essa falta, decidiu ir sem demora confessar- se, para obter o perdão de Deus. Numa gruta próxima morava um anacoreta famoso por sua vida santa: dormia sobre a pedra dura, alimentava-se apenas de raízes e frutas da floresta e passava todo o tempo em oração. Lá se apresentou, como humilde penitente, o rico e poderoso Conde Guilherme.

O santo ermitão o recebeu com bondade e ouviu atentamente sua confissão. Admirou-se por encontrar um homem com tanta retidão de consciência. E tomou muito a sério a confissão, pois qualquer pecado, por menor que seja, constitui uma ofensa a Deus. Deu-lhe alguns bons conselhos e acrescentou:

- Meu filho, como penitência, traga-me, no prazo de um ano, um ramo seco florido.

Por fim, traçando um grande sinal da cruz, deu-lhe a absolvição de todos os pecados de sua vida.

O conde, que tinha chegado triste e aflito, saiu com a leveza da alma purificada, disposto a cumprir a penitência, embora esta lhe parecesse muito estranha: trazer um ramo seco florido… Não seria mais razoável, pensava ele, o ermitão mandar-me retribuir ao vizinho cem vezes, ou mais, o valor do prejuízo que lhe causei? Na verdade, essa procura me parece insensata e inútil, mas, se o confessor mandou, é porque dela Deus quer tirar algum fruto. Qual será, não sei por enquanto.

Assim, retornando a seu castelo, trocou as faustosas vestimentas por uma túnica de rústico tecido, pegou um cajado e saiu à procura do ramo seco florido.


Andou, andou por meses… Atravessou florestas, bosques, vales, montes, aldeias e cidades. Por toda parte encontrou galhos secos; floridos, porém, absolutamente nenhum! Aqui e ali perguntava a um transeunte:

- Diga-me, já viu um ramo seco florido?

Os passantes olhavam-no com surpresa e se afastavam rindo, julgando tratar-se de um louco. Ele aceitava essas humilhações e as oferecia a Nossa Senhora para encontrar mais rapidamente o ramo seco florido.

Um dia em que descansava sentado num bosque, viu-se cercado por um bando de assaltantes. Homem forte e valente, o conde pôs-se imediatamente de pé, disposto a enfrentar a quadrilha inteira. Mas… não tinha arma alguma, lá estava como simples pecador cumprindo penitência. Quando notaram que sua presa não passava, na aparência, de um mendigo, os bandidos puseram-se e rir e fazer chacotas.

- Por que você se fantasiou de espantalho?

- Sou um penitente.

- Ah, um penitente… Certamente você incendiou aldeias, matou crianças e velhos… Diga-nos, afinal, que crimes você cometeu?

- Joguei um monte de árvores secas na plantação de meu vizinho, prejudicando assim sua colheita. E o confessor mandou-me, por penitência, levar-lhe um ramo seco florido no prazo de um ano.

Dando uma grande gargalhada, os bandidos se afastaram, à procura de presa mais lucrativa.

Um deles, porém, em vez de rir, saiu muito preocupado com o seguinte pensamento: “Por uma pequena falta, este homem recebeu dura penitência! E eu, o que mereço pelos meus roubos, assassinatos e tantos outros crimes? Quanto à justa punição nesta terra, não é difícil escapar, mas… e os castigos eternos do inferno?”

Movido por esse bom sentimento, o salteador voltou e fez ao penitente maltrapilho um breve relato de sua criminosa vida. No final, suplicou-lhe:

- Não quero morrer sem me reconciliar com Deus. Tenha pena de mim, ajude-me!

Comovido e contente por ver a graça atuando naquele miserável, o conde conduziu-o ao santo anacoreta.

Este os acolheu com paternal bondade. O ladrão arrependido chorava sem cessar. E o nosso penitente, também em lágrimas, disse:

- Reverendo Padre, aqui está um pobre homem morto, pois perdeu a vida da graça; no entanto, deseja recuperá- la, recebendo de vós a absolvição. Quanto a mim, não consigo cumprir minha penitência: depois de um ano de procura, nada encontrei que se pareça a um ramo seco florido.

O ermitão olhou-o com doçura e disse:

- Meu filho, este criminoso é um ramo seco pelo pecado, no qual nasceu a belíssima flor do arrependimento. E você foi o instrumento escolhido por Deus para plantar nele essa flor. Veja, aqui está um ramo seco florido, trazido por você!

O Conde exultou ao ouvir essas palavras, pois compreendeu, num relance, que Nosso Senhor havia guiado todos os seus passos durante aquele ano inteiro de caminhada incessante. E que aquela procura de um ramo seco florido – aparentemente inútil e insensata – tinha um alto objetivo: encontrar uma alma morta pelo pecado e levá-la até a fonte da vida.

Autora: Maria Teresa Ribeiro Matos

quarta-feira, 22 de junho de 2011

"Sua mãe, minha mãe"

Era noite, todos dormiam na apertada trincheira alemã, em plena Primeira Guerra Mundial. Todos, menos um jovem soldado. Fora extremamente fatigante aquele dia, nada mais desejava ele que descansar como os seus companheiros do batalhão, que caíram num pesado sono. Contudo, uma preocupação o impedia de dormir.

Não o inquietavam os perigos de um ataque noturno do inimigo, nem os riscos da batalha no dia seguinte, mas sim o fato de ter perdido seu escapulário de Nossa Senhora do Carmo, dado por sua mãe quando partia para a guerra.

Ele se lembrava bem que naquela tarde, depois de passar por uma cidade abandonada pelas tropas inimigas, os veículos do batalhão avançaram até uma antiga casa de fazenda localizada nas proximidades, e ali acamparam. Atrás da casa havia uma torneira e um tanque de água, oferecendo ótima oportunidade para lavar-se após um dia inteiro de combates.

O jovem pendurou calmamente a jaqueta ao lado da torneira, pôs em cima o escapulário e começou a ensaboar as mãos quando… soou o alarme, estouraram tiros de morteiro, o batalhão recebeu ordem de avançar e desalojar o inimigo entrincheirado três quilômetros adiante. Mais uma hora de combate, e ei-lo ali, alojado na trincheira recém-conquistada. Mas seu precioso escapulário tinha ficado junto ao tanque.

Voltar agora para buscá-lo, era impensável. Tentou não pensar mais no assunto e dormir um pouco, mas, não conseguindo, decidiu enfrentar o risco: levantou-se discretamente, esgueirou- se por entre as sentinelas e correu até a casa da fazenda. Lá chegando, apalpou, na escuridão da noite, a torneira, os canos e objetos ao redor, o chão… nada encontrou! Quando procurava no bolso a caixa de fósforos, ouviu uma terrível explosão. O inimigo atacava, seu dever era voltar logo ao posto de combate.

Ao chegar junto à trincheira, deparou- se com uma cena espantosa: no exato lugar onde, poucos minutos atrás, dormiam seus companheiros, havia apenas uma enorme cratera. Antes de abandonar o local, o inimigo tinha armado ali uma bomba-relógio de grande poder destrutivo. Do improvisado dormitório restavam apenas objetos irreconhecíveis, lodo e rolos de arame farpado.

Era ali que ele, há pouco, estivera deitado! Se não tivesse saído para procurar seu escapulário, também ele teria sido destroçado. Nossa Senhora do Carmo lhe havia salvo a vida!

Na manhã seguinte, qual não foi sua surpresa ao encontrar na cozinha do acampamento um companheiro de trincheira.

- Eu pensei que você também tivesse voado pelos ares!

O outro, não menos espantado de vê-lo vivo, explicou:

- De fato, eu já tinha me deitado, mas logo me levantei e fui procurar você. Enquanto andava pelo acampamento à sua procura, ocorreu a explosão.

- Bem, eu escapei por um fio de cabelo também. Mas… por que motivo você me procurava àquela hora da noite?

- Para entregar-lhe isto que você esqueceu junto ao tanque de água ontem à tarde.

Assim dizendo, devolveu ao jovem soldado o escapulário recolhido por ele na velha casa de fazenda…

terça-feira, 14 de junho de 2011

A chave do Céu

Cada vez que passava em frente ao convento dos franciscanos de sua pequena cidade, Lourenço sentia o coração bater mais forte. Gostava de ficar ouvindo do lado de fora o canto suave dos frades, vindo da igreja. Aquelas melodias angélicas, cheias de uma paz que não era deste mundo, pareciam provir do Céu. Outras vezes, ficava espiando os monges enquanto trabalhavam na horta e pensava: “Como eles são alegres! O irmão cozinheiro, carregando tomates, é mais feliz que os meus arrogantes companheiros se exibindo pela rua em seus ruidosos carros”.

Aos domingos, Lourenço assistia à pregação e depois meditava nas palavras do frade de feições austeras e voz possante: “Lembrai-vos sempre, irmãos, que mais importa guardar tesouros no Céu ao invés de multiplicá-los na Terra. O Senhor nos ensinou: ‘De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder sua própria alma?’. Vede o exemplo de nosso pai São Francisco: soube ser pobre em espírito”.

Um dia, não resistiu e perguntou a um franciscano:

- O que devo fazer para morar aqui?

O bom religioso deu-lhe uma resposta muito simples:

- Para viver abrigado por estas santas paredes é preciso desejar acima de tudo o Reino dos Céus, abraçando a pobreza em espírito, como fez Jesus.

Uma semana depois, o jovem, carregando apenas uma malinha, entrava no convento para não mais sair. Pediu para ser irmão leigo, pois queria viver só para Deus, servindo os frades.

O mestre de noviços, que passou a acompanhá-lo, se encantava com o exemplo do Irmão Lourenço. Ninguém varria o chão ou lavava os pratos com maior entusiasmo; todas as suas ações pareciam uma prece.

Um dia, Irmão Lourenço notou o hábito de um frade em mau estado, e comentou:

- Vejo que sua manga está rasgada. Quer que a costure? Senão, quando o irmão for para as missões, as pessoas vão reparar. Somos pobres, mas dignos, e não fica bem usar um hábito rasgado… Se me permitir prestar-lhe tal serviço me estará concedendo uma graça, pois sou um pecador e tenho faltas a reparar.

- Mas tu sabes costurar?

- Não muito bem… Porém, minha mãe é costureira e com ela aprendi algumas lições do ofício.

- Está bem – concluiu o frade -, vamos ver como sai o serviço.

Surpreendendo a todos, Irmão Lourenço fez um trabalho exímio. A cada ponto com a agulha tinha rezado uma jaculatória pedindo que a Santíssima Virgem de Nazaré costurasse por ele. Quando acabava a linha, rezava uma Ave-Maria. Dessa forma, cerziu a manga inteira, deixando- a como se fosse nova.

A notícia se espalhou pelo convento. Não demorou muito em aparecer o irmão cozinheiro com uma roupa queimada, quase perdida por causa de um forno muito forte. Também o irmão porteiro veio mostrar um buraco no seu hábito que, embora escondido, já estava ficando grande. Até mesmo certo frade estrangeiro, hospedado ali por alguns dias, pediu ao irmão que desse um jeitinho em sua velha vestimenta. Os hábitos voltavam cosidos, limpos e perfumados.

O superior se alegrou com a descoberta. Admirado ao ver a despretensão daquele filho, logo notou a assiduidade de suas visitas ao Santíssimo Sacramento. “É por isso que tudo faz com tanto primor”, pensava.

Passados alguns meses, ele percebeu que os dotes de Irmão Lourenço podiam ir além da habilidade de fazer remendos.

- Quer tentar fazer um hábito inteiro? – perguntou-lhe.

- Se com isso eu puder dar glória a Deus, perfeitamente!

A experiência foi coroada de êxito. Das mãos “orantes” daquele religioso, começaram a sair maravilhas acima das expectativas. Nelas a tesoura tomava vida e corria pelo tecido marrom em traçados tão certeiros, que o melhor dos alfaiates não poderia superar. Os hábitos continuavam modestos, mas possuíam algo de especial: a marca do amor com que o irmão os fazia.

Passaram-se os anos. Por vezes, a quantidade de pedidos o levava a dormir muito pouco, a perder as horas de recreação, e ele sentia a tentação de julgar que assim também já era demais… Mas logo pensava que Deus o chamara para glorificá-Lo daquela forma, e esse motivo o levava a dedicar-se por inteiro, redobrando as orações.

Irmão Lourenço tornou-se um homem maduro e, com o tempo, um ancião. Seus cabelos ficaram prateados, mas nem por isso deixou de atender os pedidos de remendos e costuras.

A comunidade o estimava e admirava. Muitos frades famosos, pregadores em santuários e professores em universidades, gostavam de estar com ele, formando rodas animadas de conversas sobre o Seráfico São Francisco, Santa Clara e outros heróis da Ordem. Irmão Lourenço atraía a todos, falando só sobre coisas do Céu. E era para lá que caminhava…

O implacável peso dos anos trouxe- lhe uma febre incurável, que começou a consumi-lo. Pressentindo a partida desta vida, ele pediu os Sacramentos e passou a falar cada vez menos. Rezava muito e pensava no encontro com Deus.

Numa madrugada gélida de inverno, Frei Lourenço parecia não resistir mais. O sino do convento chamou a comunidade para acompanhar o querido irmão, em seus últimos momentos. Ajoelhados, rezavam a oração dos agonizantes. De repente, um fio de voz quase imperceptível foi ouvido. Era Irmão Lourenço que pedia:

- Tragam-me a chave… a chave do Céu…

Os frades não entenderam. Qual seria essa “chave do Céu”? Um deles saiu correndo rumo à biblioteca e voltou com um livro chamado A chave do Céu. Colocaram-no diante do moribundo, mas ele não se interessou. Apenas repetiu:

- Eu quero… a chave… a chave do Céu…

O superior mandou que trouxessem uma relíquia de São Francisco, à qual o enfermo tinha muita devoção. Mas ele seguia com seu raro pedido…

Então, a fisionomia de um irmão se iluminou. Cruzou rapidamente os corredores e voltou com a agulha de Irmão Lourenço. Ao vê-la, este esboçou um sorriso e diss

- Sim, esta é minha chave do Céu! – e expirou.



* * *



Sem ser grande aos olhos do mundo, nem receber recompensa por seus serviços, Irmão Lourenço se santificara com uma agulha na mão, trabalhando por amor a Deus. Para cada um a Providência tem preparada uma “chave” que lhe abrirá o Céu. Trata-se de saber cumprir sua vontade e seus desígnios. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 3).

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dos Dez aos Quatorze anos

Nesta idade opera-se no jovem um notável desenvolvimento físico e moral, que a mãe deve ter em conta, para sair-se bem na obra da educação dos filhos.

Quanto à inteligencia, compreendem mais do que seria conveniente. São muitos observadores; tiram conclusões e fazem seus próprios raciocínios.

Seu coração começa a sentir os estímulos de muitas paixões. São propensos à ira e à vingança: por vezes até arrogantes.

Sua vontade tende cada dia mais à independência; começam sentir vergonha de estarem ainda sujeitos aos pais; amam a liberdade, gostam de fazer observações e de valer suas razões.

Os caracteres da criança nesta idade são: um desamor progressivo à casa, dificuldade na obediência, grande desejo de sair à rua, amor aos divertimentos, pouca vontade de estudar, de trabalhar, de rezar, repulsa por tudo aquilo que exige esforço.

Os defeitos dos primeiros anos a saber, a gula e a mentira, não desaparecem, mas são até superados por outros mais graves.

O desamor à família manifesta-se na falta de carinho para com os avós, no aborrecimento por se achar em casa, especialmente com os pais; em negar-se a sair acompanhados por eles, e se isso acontece, fazem-no com grande sacrifício, dir-se-ia até, com vergonha.

E as meninas? Elas também por seu lado, tem seus defeitos característicos: ambições, preguiça, vontade de se divertir.

Ambições: começam por desejar aparecer; observam as amigas e não querem ser menos do que elas. Que lhes importa se o pai ou a mãe não estão em condições de lhes satisfazer os caprichos? A companheira, a amiga andam bem vestidas, e assim elas se querem vestir também. E muitas não atendem às razões e se as contrariam, pensam em vingança e tudo fazem para se demonstrar despeitadas.

Qual é o dever dos pais diante desse proceder dos filhos? Antes de tudo é necessário o acordo mútuo no que se refere à educação que se lhes há de dar. São desastrosos os efeitos que resultam da falta de união de vistas no método educativo.

Quando as autoridades se dividem, perdem sua força moral. A criança percebe e por sua vez perdera confiança na bondade moral, daquilo que se lhe manda.

Depois disto o mais importante é a vigilância e a oração: vigilância enquanto os filhos permanecem no seio da família: vigilância sobre as companhias que frequentam: sobre os livros que lêem: sobre os divertimentos...

A mãe deve seguir o filho como a sombra segue o corpo. Deve inspirar-lhe horror à mentira, habituando-os a ser sinceros; o amor à casa, proporcionando-lhes diversões sadias e honestas, que auxiliem o seu bem estar físico e moral. Fazê-los compreender o absurdo de certas ambições e inculcar-lhes que a beleza digna de ser desejada e ambicionada é a da alma, isto é, adornar-se o coração de virtudes.

E principalmente a oração. Uma mãe que tem fé sólida há de entregar a Deus seus filhos, há de colocá-los com toda a confiança debaixo da proteção da Santíssima Virgem; se assim o fizer é impossível que não seja ouvida. Mas não basta a oração da mãe: é preciso que também ensine a criança a rezar e a frequentar os Sacramentos. E isto, não com gritos e repreensões, mas com amor e discrição, observando o tempo e o modo mais oportuno.

Pe. Humberto Gaspardo-Maternidade Cristã ed paulinas 1947.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Santo Tríduo Pascal e a Indulgência Plenária

Durante o santo Tríduo Pascal podemos ganhar para nós ou para os defuntos o dom da Indulgência Plenária se realizarmos algumas das seguintes obra estabelecidas pela Santa Sé.

Obras que gozam do dom da indulgência pascal:

Quinta-feira Santa

1. Se durante a solene reserva do Santíssimo, que segue à Missa da Ceia do Senhor, recitamos ou cantamos o hino eucarístico "Tantum Ergo" ("Adoremos Prostrados").

2. Se visitarmos pelo espaço de meia hora o Santíssimo Sacramento reservado no Monumento para adorá-lo.

Sexta-feira Santa

1. Se na Sexta-feira Santa assistirmos piedosamente à Veneração da Cruz na solene celebração da Paixão do Senhor.

Sábado Santo

1. Se rezarmos juntos a reza do Santo Rosário.

Vigília Pascal

1. Se assistirmos à celebração da Vigília Pascal (Sábado Santo de noite) e nela renovamos as promessas de nosso Santo Batismo.

Condições:

Para ganhar a Indulgência Plenária além de ter realizado a obra enriquecida se requer o cumprimento das seguintes condições:

A. Exclusão de todo afeto para qualquer pecado, inclusive venial.

B. Confissão sacramental, Comunhão eucarística e Oração pelas intenções do Sumo Pontífice. Estas três condições podem ser cumpridas uns dias antes ou depois da execução da obra enriquecida com a Indulgência Plenária; mas convém que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra.

É oportuno assinalar que com uma só confissão sacramental podemos ganhar várias indulgências. Convém, não obstante, que se receba freqüentemente a graça do sacramento da Penitência, para aprofundar na conversão e na pureza de coração. Por outro lado, com uma só comunhão eucarística e uma só oração pelas intenções do Santo Padre só se ganha uma Indulgência Plenária.

A condição de orar pelas intenções do Sumo Pontífice se cumpre rezando-se em sua intenção um Pai Nosso e Ave-Maria; mas se concede a cada fiel cristão a faculdade de rezar qualquer outra fórmula, segundo sua piedade e devoção.