segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não ao coletivo. Virtude e caráter!

A carência de autoridade e de outros atributos faz com que as escolas renunciem seu verdadeiro papel de educar quando deve, e não analisando os processos e virtudes, se abre a afirmar que o único valor é não ter valor e em nome disso força aos alunos que também renunciem esses valores, religiosos ou morais quando ainda existentes, quando vemos renomados autores afirmando que isso não deve ocorrer e como é prejudicial para os alunos para sua formação e a construção do caráter do jovem tão ignorado, e que vemos que o que resulta disso é uma sociedade decadente de seus valores originais.

Introdução:
Diante do mundo moderno que carece de tantos valores morais e patriarcais, percebemos que mais que simples fundamentos da sociedade, e condições sem as quais o homem não pode conviver para chegar o bem comum, muito menos para uma educação que seja verdadeiramente base de um indivíduo em uma sociedade que forçosamente, em nome de um “coletivo” que força pacificamente, a todos os alunos a se enquadrarem em uma educação única, sem levar em conta a origem, religião e valores que devem ser construídos na criança para não se ter uma educação apenas coletiva, o que se dá até nos meios humanísticos, mas verdadeiramente humanística


Ao vermos uma crescente violência para se impor a todos os alunos uma ideologia de que o ensino em suas diversas áreas deve ser igual a todos, e todos são iguais, isso vem gerando uma verdadeira violência, que força a todos a serem moldados de acordo com uma única forma, não respeitando nem as evidencias naturais mais notáveis como a enorme diferença que existe entre meninos e meninas, fazendo uma educação forçosamente mista, uma educação que se diz libertaria dos moldes antigos, mas impõe uma ditadura do relativismo e do caos generalizado, deixando de lado a consciência de uma autoridade, para o caos generalizado, passando por cima da educação para cair em um abismo do obscurantismo relativista, deixando a certeza das coisas imutáveis e a autoridade suprema que é Deus do qual vem toda a autoridade, o qual a educação laicizante e partidária que vemos desabrochar seus frutos inadequados são fortemente visíveis, em uma sociedade decadente e que se orgulha do caos, da falta de formação da renuncia de seus princípios, para o que muitos se orgulham de dizer que seria uma nova educação, uma nova forma de educar o que é na verdade mais uma decadência dos primeiros mestres que ensinavam com seus exemplos para chegarmos a mestres e professores que no dia a dia renuncia a toda moralidade básica exigida para dar lugar a uma total vulgaridade, pensando que em nome de uma revolução nos meios de aprendizagem estão a fazer algo de útil.
Mas primeiramente é de extrema importância analisar a origens possíveis da palavra autoridade, que vem sendo deturpado em nome de um liberalismo doentio, de princípios marxistas que se infundem no próprio caráter de renuncia pedagógica de qualquer hierarquia ou de uma forma consistente de autoridade.
Autoridade seria a junção de duas palavras latinas “Autor”, que quer dizer aquele que tem o conhecimento, tal como o autor de uma obra que conhece plenamente seu trabalho, a autoridade é aquela que deve deter o conhecimento, tanto pratico como teórico e o verdadeiro domínio sobre o assunto, e muitas vezes nos deparamos com um problema já nessa primeira parte, pois muitos professores renunciam totalmente que possuem o saber, ou que estão nas escolas para ensinar, pensam apenas estar La para ser expositores ou algo tão indefinido que nem podemos direito definir para que coisa superficial veio a ser o professor quando falamos de conhecimento, que muitas vezes vem se tornando de uma carência de objetividade e de princípios, talvez mais uma vez levada por conceitos tão materialistas e técnicos das ciências o que seria outra discussão, que não cabe agora, mas que sem duvida é uma das coisas que apontam para isso também, mas que muitos têm culpa por espontaneamente renunciarem ao conhecimento. O segundo ponto mais firme dessa palavra é o “augere” esse verbo que quer dizer aumentar sobre tudo, ou seja, a autoridade é quem tem o conhecimento e eleva, aumenta e acrescenta o saber que detém logo o esforço principal esta na autoridade que deve elevar, e essa elevação deve o principal esforço a autoridade que deve tirar de baixo e levar para cima seus subordinados. Portanto o esforço e a esse aumentar do saber deve ser o múnus do educador, e não ser mais uma atração circense para o aluno poder se sentir livre, feliz e dignificado por estar aprendendo de um professor que renuncia todos esses quesitos básicos, para se tornar um ser tão imaterial como o materialismo educacional, como poderia cha o que temos diante de nós hoje, e que dá seus frutos tão passados em uma sociedade que não valoriza mais o verdadeiro saber, nem mesmo o s que deveriam ser guardiões integrais e educar verdadeiramente com exemplo e pratica as crianças e jovens que serão a sociedade de amanha.

Parece ser de muita importância, excluir qualquer iniciação sexual feita coletivamente nas escolas, nos mistérios da vida quem deve iniciar os adolescentes são os pais.
Só o lar reúne condições psicológicas e morais para uma educação sadia e eficientes para matéria tão delicada e que preserve tanto a individualidade do aluno.
A propaganda em favor da iniciação sexual nas escolas é toda baseada num falso principio pedagógico: isto é, na opinião de que a corrupção nasce da ignorância. A verdadeira pedagogia concentra os seus esforços na formação da vontade e na educação do caráter e evita despertar imagens e curiosidades insanas a que não resistiriam as consciências ainda mal formadas.

F.W. Förster, professor de filosofia e pedagogia nas Universidades de Viena, Zurich e Munich, aponta como erro perigoso “a idéia de que a depravação sexual da juventude moderna seria o resultado da insuficiência do ensino sobre a questão sexual, enquanto que a verdadeira causa deve ser unicamente procurada na terrível baixa na educação do caráter e no delírio do prazer, comum em nossa época. Num meio assim que significa o ensino? Se o homem não é elevado por uma concepção mais alta da vida, o ensino tendera, no Maximo, a excitar-lhe a curiosidade do que não lhe diz (sexualethik und sexualpadagik, trad. Franc.,p.203)

Stanley Hall, o príncipe dos pedagogos norte americanos, depois de assinalar as crises da alma e as perturbações nervosas que são muitas vezes as conseqüências de semelhantes intervenções prematuras, conclui que “devemos detestar toda espécie de iniciação coletiva” (Educational Problems, New York,vol.I.)

O Dr. W. Stekel, especialista de psicoterapia em Viena, no seu estudo sobre “Estados de angustia nervosa e seu tratamento”, Berlim,p 310, conclui as suas reflexões sobre o assunto com estas palavras: “Sou adversário declarado do sistema de iniciação que se propaga atualmente e que se me afigura uma epidemia mental, uma espécie de exibicionismo psíquico. A iniciação coletiva nas escolas é um pensamento monstruoso cuja realização acarretaria inumeráveis choques sexuais... A questão só pode ser solucionada individualmente, e o melhor meio seria que, a começar de certa idade, os pais introduzam nas conversas coisas sexuais como coisas naturais, sem exposição solene nem cerimônias misteriosas. Não esqueçamos que a raiz de todos os desejos maus é a curiosidade sexual e que a iniciação precoce dos meninos seria, para o desenvolvimento da humanidade, um grande prejuízo cultural”.

Considerações finais:
Por isso vemos vai uma vez que a única solução para uma verdadeira educação humanística deve ser respeitar a moral principalmente a religiosa, tão desprezada hoje nos próprios colégios religiosos, e que a educação materialista, baseada em uma pedagogia moderna que por seu fim que não seja outro que a formação da boa personalidade incrementada de virtudes e de bom caráter, deve ser sempre almejada pelo professor que com certeza sempre com muito respeito deve ser a autoridade que tanto esta vacante nos dias atuais.

Afirmando sem mais pretensões que hoje se necessita para o ressurgimento de uma verdadeira educação uma verdadeira rejeição a todo determinismo de ferro escravizado para sempre ao mal, inúteis, todos os esforços de reabilitação, a miséria do pecado pesa como uma finalidade inexorável sobre toda a raça degenerada dos humanos. Sobreviventes apenas a concupiscência identificada como o pecado irresistível para o mal, por este feixe da natureza, tiranizam, anormais, todas as manifestações de seu dinamismo. ou seja com essa nova pedagogia, o homem, é reduzido a impotência nas suas mais nobres faculdade espirituais, é entregue ao domínio irresponsável dos seus instintos indisciplinados como propõe horrivelmente e erroneamente Freud.

Autor do artigo: Fernando Zanelatto Bodini

Referencias Bibliográficas:

Franca, Leonel: A formação da Personalidade
Franca, Leonel: A crise do mundo moderno.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Sistema Preventivo na Educação dos Jovens - Dom Bosco

1.Em que consiste o Sistema Preventivo e por que se deve preferir

São dois os sistemas até hoje usados na educação da juventude: o Preventivo e o Repressivo. O Sistema Repressivo consiste em fazer que os súbditos conheçam a lei, e depois vigiar para saber os seus transgressores e infligir-lhes, quando necessário, o merecido castigo. Nesse sistema, as palavras e o semblante do superior devem constantemente ser severos e até ameaçadores, e ele próprio deve evitar toda a familiaridade com os dependentes. O diretor, para dar mais prestígio à sua autoridade, raro deverá achar-se entre os dependentes e quase unicamente quando se trata de ameaçar ou punir. Esse sistema é fácil, menos trabalhoso. Serve especialmente para soldados e, em geral, para pessoas adultas e sensatas, que devem, por si mesmas, estar em condições de saber e lembrar o que é conforme às leis e outras prescrições.

Diferente e, eu diria, oposto é o Sistema Preventivo. Consiste em tornar conhecidas as prescrições e as regras de uma instituição, e depois vigiar de modo que os alunos estejam sempre sob os olhares atentos do diretor ou dos assistentes. Estes, como pais carinhosos, falem, sirvam de gula em todas as circunstâncias, dêem conselhos e corrijam com bondade. Consiste, pois, em colocar os alunos na impossibilidade de cometerem faltas.

O sistema apóia-se todo inteiro na razão, na religião e na bondade. Exclui, por isso, todo o castigo violento, e procura evitar até as punições leves. Parece preferível pelas seguintes razões:

1. O aluno, previamente avisado, não fica abatido pelas faltas cometidas, como sucede quando são levadas ao conhecimento do superior. Não se irrita pela correção feita nem pelo castigo ameaçado, ou mesmo infligido, pois a punição contém em si um aviso amigável e preventivo que o leva a refletir e, as mais das vezes, consegue granjear-lhe o coração. Assim o aluno reconhece a necessidade do castigo e quase o deseja.

2. A razão mais essencial é a volubilidade do menino, que num instante esquece as regras disciplinares e o castigo que ameaçam. Por isso é que, amiúde, se torna um menino culpado e merecedor de uma pena em que nunca pensou, e de que absolutamente não se lembrava no momento da falta cometida, e que teria por certo evitado, se uma voz amiga o tivesse advertido.

3. O Sistema Repressivo pode impedir uma desordem, mas dificilmente melhorará os culpados. Diz a experiência que os jovens não esquecem os castigos recebidos, e geralmente conservam ressentimento acompanhado do desejo de sacudir o jugo e até de tirar vingança. Podem, às vezes, parecer indiferentes; mas quem lhes segue os passos sabe quão terríveis são as reminiscências da juventude. Esquecem facilmente os castigos que recebem dos pais; muito dificilmente, porém, os dos educadores. Há casos de alguns que na velhice se vingaram com brutalidade de castigos justos que receberam nos anos de sua educação. O Sistema Preventivo, pelo contrário, granjeia a amizade do menino, que vê no assistente um benfeitor que o adverte, quer fazê-lo bom, livrá-lo de dissabores, castigos e desonra.

4. O Sistema Preventivo predispõe e persuade de tal maneira o aluno, que o educador poderá em qualquer lance falar-lhe com a linguagem do coração, quer no tempo da educação, quer ao depois. Conquistado o ânimo do discípulo, poderá o educador exercer sobre ele grande influência, avisá-lo, aconselhá-lo, e também corrigi-lo, mesmo quando já colocado em qualquer trabalho ou empregos públicos, ou no comércio. Por essas e muitas outras razões, parece que o Sistema Preventivo deve preferir-se ao Repressivo.

2. Aplicação do Sistema Preventivo

A prática desse sistema baseia-se toda nas palavras de S. Paulo: “Charitas benigna est, patiens est; omnia suffert, omnia sperat, omnia sustinet”. A caridade é benigna e paciente; tudo sofre, mas espera tudo e suporta qualquer incômodo. Por isso, somente o cristão pode aplicar com êxito o Sistema Preventivo. Razão e Religião são os instrumentos de que o educador se deve servir; deve inculcá-los, praticá-los ele mesmo, se quiser ser obedecido e alcançar os resultados que deseja.

1. Deve, pois, o diretor consagrar-se totalmente aos seus educandos: jamais assuma compromissos que o afastem das suas funções, Pelo contrário, permaneça sempre com seus alunos, todas as vezes que não estiverem regularmente ocupados, salvo estejam por outros devidamente assistidos.

2. A moralidade dos professores, mestres de oficina, assistentes, deve ser notória. Esforcem-se eles por evitar, como epidemia, toda a sorte de afeições ou amizades sensíveis com os alunos, e lembrem-se de que o descaminho de um só pode comprometer um instituto educativo. Veja-se que os alunos não fiquem jamais sozinhos. Porquanto possível, os assistentes sejam os primeiros em achar-se no lugar onde os alunos se devem reunir; entretenham-se com eles enquanto não vier um substituto; nunca os deixem desocupados.

3. Dê-se ampla liberdade de correr, pular e gritar, à vontade. Os exercícios ginásticos e desportivos, a música, a declamação, o teatro, os passeios, são meios eficacíssimos para se alcançar a disciplina, favorecer a moralidade e conservar a saúde. Mas haja cuidado em que a matéria das diversões, as pessoas que tomam parte, as falas, não sejam repreensíveis. “Fazei quanto quiserdes”, dizia o grande amigo da juventude, S. Filipe Néri, “a mim me basta não cometais pecados”.

4. A confissão freqüente, a comunhão freqüente e a missa cotidiana são as colunas que devem sustentar um edifício educativo, do qual se queira eliminar a ameaça e a vara. Nunca se obriguem os jovens a freqüentar os santos sacramentos: basta encorajá-los e dar-lhes comodidade de se aproveitarem deles. Nos exercícios espirituais, tríduos, novenas, pregações, catecismos, ponha-se em relevo a beleza, a sublimidade, a santidade da Religião, que oferece meios tão fáceis, tão úteis à sociedade civil, à paz do coração, à salvação da alma, como são precisamente os santos sacramentos. Dessa maneira, estimulam-se os meninos a querer, espontaneamente, essas práticas de piedade; haverão de cumpri-las de boa vontade, com prazer e fruto.

5. Use-se a máxima vigilância para impedir que entrem no instituto companheiros, livros ou pessoas que tenham más conversas. A escolha de um bom porteiro é um tesouro para uma casa de educação.

6. Todas as noites, após as orações de costume e antes que os alunos se recolham, o diretor, ou quem por ele, dirija em público algumas afetuosas palavras, dando algum aviso ou conselho sobre o que convém fazer ou evitar. Tire-se a lição moral de acontecimentos do dia, sucedidos em casa ou fora; mas a sua alocução não deve passar de dois ou três minutos. Essa é a chave da moralidade, do bom andamento e do bom êxito da educação.

7. Afaste-se como a peste a opinião dos que pretendem diferir a primeira comunhão para uma idade demasiado adiantada, quando em geral o demônio já se apossou do coração dos meninos, com incalculável dano da sua inocência. Conforme a disciplina da Igreja primitiva, costumava dar-se às crianças as hóstias consagradas que sobravam da comunhão pascal. Isso demonstra quanto preza a Igreja sejam os meninos admitidos mais cedo à santa comunhão. Quando uma criança pode distinguir entre Pão e pão, e revela instrução suficiente, já não se olhe para a idade, e venha o Soberano Celeste reinar nessa alma abençoada.

8. Os catecismos recomendam a comunhão freqüente: S. Filipe Néri aconselhava-a cada oito dias e ainda mais amiúde. O Concílio Tridentino diz claro que deseja sumamente que todos os fiéis, quando ouvem a santa missa, façam também a comunhão. Porém seja a comunhão não só espiritual, mas ainda sacramental, a fim de que se tire maior fruto desse augusto e divino sacrifício (Concílio Tridentino, Sess. XXII, capítulo VI).

3. Utilidade do Sistema Preventivo

Dir-se-á que esse sistema é difícil na prática. Observo que da parte dos alunos torna-se bastante mais fácil, agradável e vantajoso. Para o educador, encerra alguma dificuldade que, porém, diminuirá se ele se entregar com zelo à sua missão. O educador é um indivíduo consagrado ao bem de seus alunos: por isso, deve estar pronto a enfrentar qualquer incômodo e canseira, para conseguir o fim que tem em vista: a formação cívica, moral e científica dos seus alunos.

Além das vantagens acima expostas, acrescenta-se ainda o seguinte:

1. O aluno conservará sempre grande respeito para com o educador e lembrará com gosto a educação recebida e considerará ainda os seus mestres e demais superiores como pais e irmãos. Esses alunos, nos lugares para onde forem, serão, as mais das vezes, o consolo da família, cidadãos prestimosos e bons cristãos.

2. Qualquer que seja o caráter, a índole, o estado moral do aluno ao ser admitido, podem os pais viver seguros de que seu filho não vai piorar, e considera-se como certo que se alcançará sempre alguma melhora. Antes, meninos houve que depois de terem sido por muito tempo o flagelo dos pais, e, até, rejeitados pelas casas de correção, educados segundo esses princípios, mudaram de índole e caráter, deram-se a uma vida morigerada, e presentemente ocupam posição distinta na sociedade, tornando-se, desse modo, o amparo da família e honra do lugar em que moram.

3. Os alunos que por acaso entrassem num instituto com maus hábitos, não podem prejudicar os seus companheiros. Nem os meninos bons poderão ser por eles contaminados, porque não haveria tempo, nem lugar, nem ocasião, pois o assistente, que supomos presente, logo lhes acudiria.

4. Uma palavra sobre os castigos

Que norma seguir para dar castigos? — Por quanto possível, jamais se faça uso de castigos. Quando, porém, a necessidade o exige, observe-se quanto segue:

1. O educador entre os alunos procure fazer-se amar se quer fazer-se respeitar. Nesse caso, a subtração da benevolência é um castigo que desperta emulação, infunde coragem sem deprimir.

2. Entre os meninos é castigo o que se faz passar por castigo. Observou-se que um olhar não amável produz para alguns maior efeito que uma bofetada. O elogio quando uma ação é bem feita. a repreensão quando há desleixo, é já um prêmio ou castigo.

3. Salvo raríssimos casos, as correções, os castigos, nunca se dêem em público, mas em particular, longe dos companheiros, e empregue-se a máxima prudência e paciência para que o aluno compreenda a sua falta, à luz da razão e da religião.

4. Bater, de qualquer modo que seja, pôr de joelhos em posição dolorosa, puxar orelhas, e outros castigos semelhantes, devem-se absolutamente banir, porque são proibidos pelas leis civis, irritam sobremaneira os jovens e desmoralizam o educador.

5. Torne o diretor bem conhecidas as regras, os prêmios e os castigos sancionados pelas leis disciplinares, a fim de que o aluno não possa desculpar-se dizendo: “Eu não sabia que isso era mandado ou proibido”.

Se em nossas casas se puser em prática este sistema, creio poderemos alcançar grande resultado, sem recorrermos a pancadarias, nem a outros castigos violentos. Há quarenta anos, mais ou menos, que trato com a juventude, não me lembra ter usado castigo de espécie alguma. Com o auxílio de Deus, não só obtive sempre o que era de dever, mas ainda o que eu simplesmente desejava, e isso daqueles mesmos meninos dos quais se havia perdido a esperança de bom resultado.

Pe. Giovanni Bosco.

"A Pedagogia de Dom Bosco em seus escritos", Editora Salesiana, 2004, São Paulo,
pág. 8 - 13 e 23 - 32.

A escola e a Família - Por que uma escola Católica?

Por que uma Escola Católica?

Porque é uma Instituição de educação que acolhe crianças e jovens e os acompanha no exercício das suas faculdades intelectuais e morais, oferecendo-lhes uma equipe especializada, tempo, material pedagógico, disciplina necessária para desenvolver os seus talentos.

Esta instituição pode depender da coletividade, de um grupo de magistrados ou da Família. Qual é a dependência justa e natural para o bem da criança?

Uma criança não pode ser confiada à uma coletividade anônima, que por princípio, recusa a importância da identidade familiar da criança e promove a emancipação da família. Uma criança é o resultado duma herança genética, humana e espiritual, de uma família que vem de uma linhagem dos antepassados. Estes valores familiares constitui a identidade física e humana da criança que devem ser respeitados.

Qual é o perigo da coletividade anônima não respeitar estes valores da identidade?

A coletividade, por pressão social, pode agredir esta identidade familiar até dissolvê-la e provocar um condicionamento social que aliena a criança para torná-la manipulável e lhe fazer perder a possibilidade de enriquecer a sociedade pela sua personalidade própria, enquanto representante de uma linhagem humana, que a Providência quer.

Qual será a consequência a longo prazo?

A criança vai ser reduzida a um indivíduo social instrumentalizado pelo poder anônimo desta coletividade. Este é o sistema social materialista intrinsecamente perverso que reduz as relações sociais à convenções ideológicas sem fundamento na natureza humana. O homem é reduzido a um elemento material de produção e de consumo que apenas serve ao equilíbrio econômico.

Qual é a consequência para a criança?

Uma criança assim desintegrada do seu meio natural onde nasceu, é fragilizada e não educada no sentido que as suas melhores potencialidades individuais sejam desenvolvidas.

Uma criança deve ser confiada pelos pais a uma escola, que depende da Família e não do estado.
Qual é a importância da escola depender da família?

A escola deve transmitir os valores e ensinar às crianças a enraizar estes valores no coração para produzir o fruto devido. Ora tudo o que vem dos pais é considerado pela criança como natural e tudo o que vem de fora como estranho. Então pelo fato da escola depender da Família, tal como a sua extensão, a atividade da escola vai ser considerada pela criança como natural e assimilável e não como coisa estranha.

Por que os valores devem ser considerados como natural pela criança e não estranhos?

Para ser enraizada e para dar fruto. Como uma lei que deve ser aplicada para surtir efeito, um valor deve ser enraizado em uma convicção para tomar vida e irradiação através de uma pessoa. Isso implica um empenho da parte da criança em prol deste valor (intelectual ou moral). Ora, é uma pessoa convicta que irradia um valor e só assim a sociedade pode beneficiar da existência de um valor. O enraizamento de um valor no coração de uma pessoa é o fruto do valor teórico. Então o enraizar no coração, tão necessário, implica a condição da escola depender do meio familiar. O fato de considerar um valor como estranho impede o enraizamento, e logo o seu fruto, que é a sua irradiação através de uma pessoa convicta.
Qual é o perigo dos valores não terem esta condição do meio familiar para se enraizar?
O aparecimento de várias doenças que se chamam dilettantismo, relativismo.

O que é o dilettantismo?

O fato de reduzir os valores a um elemento da cultura (morta) ou erudição que cada um pode se servir ou abandonar conforme o seu gosto. Já não é o elemento constitutivo da formação da pessoa, da moralidade da sua irradiação social, mas apenas uma informação deixada ao livre uso de cada um.

O que é o relativismo?

Uma consequência do dilettantismo, enquanto que os valores da verdade e da justiça perdem a sua autoridade absoluta para formar as inteligências e os corações. É o perigo de perder as convicções e de sair da verdade e ser causa de todas as desgraças denunciadas por Jesus Cristo falando do demônio e dos seus seguidores: “porque não podeis ouvir as minhas palavras (para aderir com convicções) sois filhos do demônio (como os liberais e os agnosticistas etc...); ele não permaneceu na verdade e era homicida desde o princípio (por exemplo os maçons, que renegam a verdade revelada, fomentaram revoluções sangrentas)” (João 8, 43-44). Sair da verdade ensinada por Jesus Cristo é entrar no mistério da iniqüidade porque “as palavras que eu vos tenho dito são espírito e vida(e não materialismo e morte como o comunismo com todos os seus crimes)”(João 6, 64). Devemos combater o relativismo com as palavras de São Pedro”Senhor a quem havemos de ir? Tu tens as palavras da vida eterna”(João 6, 69). De fato aderir com convicção à nossa fé é uma questão de vida eterna, uma questão vital.

Quais são as consequências para a sociedade?

A indiferença no que diz respeito à conservação e à transmissão dos valores. A Instabilidade no respeito da transmissão dos valores morais e intelectuais, e logo no respeito da justiça e da vida. O mais forte e mais astuto vai decidir da transmissão dos valores, vai impor a medida da justiça e vai decidir a vida dos outros.

Mas o que significa o fato da escola depender diretamente do Estado?

Este fato significa que o Estado não confia nos pais, que no entanto são membros da sociedade e formam a célula primordial da sociedade gerida pelo Estado. Há um contrassenso no fato de o Estado substituir a família na obra da educação escolar: se não confia em um fato tão natural e fundamental para a sociedade que é a família, como é que pretende se assentar sobre as famílias para organizar a sociedade? Se a família não é de confiança, quais são os motivos desta desconfiança? E até onde pode se estender esta desconfiança? Chegamos assim a um absurdo.

Qual é o papel do Estado na educação?
O Estado deve oferecer às famílias as melhores condições financeiras, de segurança e morais para que as famílias possam escolher o que é melhor para o desenvolvimento intelectual e moral das suas crianças e filhos. O poder escolher as escolas mais idôneas é um direito natural, que pertence aos pais honestos, benevolentes para com as suas crianças e filhos.

Qual é o Papel da Igreja Católica na educação?

Devido à sua missão de continuar na história humana a restauração da natureza humana empreendida por Jesus Cristo, perfeito homem e perfeito Deus, a Igreja Católica organizou o sistema da escola para todos em ajuda às famílias que desejavam oferecer aos seus filhos todas as possibilidades de desenvolver as suas faculdades intelectuais e morais. A sociedade foi beneficiária deste empreendimento da Igreja. Agora a Igreja continua a acompanhar as famílias no trabalho da educação pelo meio da escolas católicas, defendendo o laço de dependência que existe naturalmente entre a família e a escola.

A escola pode ser neutra e não confessional?

Não, isso é contra a lei natural, que faz que o Homem sendo criado à imagem de Deus, tenha naturalmente uma abertura à realidade de Deus. A sua educação humana na ciência e na moral deve corresponder à educação religiosa. Os Papas condenaram a escola neutra (e também a laicista), que recusa integrar a formação religiosa na formação humana. Os pais não podem confiar os seus filhos à tais escolas neutras. Apenas existe agora uma tolerância que deixa os pais confiar os filhos à tais escolas neutras, mas com a obrigação de remediar esta carência de cursos religiosos fora da escola. O resultado não é igual, mas em caso de necessidade e com a ajuda dos pais e da Igreja, a graça supre a esta falta.

Qual é a razão da necessidade de incluir a formação religiosa na escola?

A necessidade de evitar que a criança, e mais tarde o adulto, considerem a formação religiosa como uma opção e não como um elemento necessário ao seu desenvolvimento humano.

Será que a religião é tão necessária?

A religião é a finalidade, o destino do homem. A aliança do homem com o Criador é a preparação a esta perfeita união de vida e de atividade entre o homem e Deus que constitui a felicidade eterna do homem. As suas faculdades de conhecer e de amar necessitam da realidade de Deus, para se ativarem perfeitamente de maneira feliz.


**Os Responsáveis do projeito

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

São Carlos Borromeu e sua Pedagogia

Quando se fala de São Carlos Borromeu, da sua obra, faz-se, muitas vezes, referência à disciplina dos internatos, as Regras das Escolas da Doutrina Cristã. 1

“A Doutrina Cristã, coisa diviníssima”, exige trabalhadores “qualificados”, isto é: primeiro, ”deveriam ser de certo modo luz do mundo”; segundo, “nesse amor para com Deus ser especialistas e por ele acesos, inflamados”; terceiro, “é necessário que tenham grande zelo pela salvação das almas remidas pelo precioso sangue de nosso Salvador Jesus Cristo”; quarto, “é preciso que tenham ardente caridade para com os próximos”; quinto, “com a mesma caridade com a qual recebem e ensinam aqueles que vêm às suas escolas para aprender, façam todos os esforços possíveis para atrair também aqueles que não vêm”; sexto, “devem os irmãos saber muito bem as coisas que ensinam aos outros”; sétimo, “é muito necessário ter paciência”; oitavo, “devem ter necessário que tenham muito cuidado e solicitude em procurar manter e fazer crescer a cada dia uma obra de tanta importância como esta” 2

Para conseguir essa qualidade “devem prepara-se para receber de Deus a graça de dedicar-se com sacrifício a esse trabalho, e buscar para tanto os meio necessários”. 3 São indicados seis: “purificar a consciência com o sacramento da Penitência, começando com a confissão geral”, “a freqüência ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia”, “a oração mental e vocal”, “o exercício das obras de misericórdia”,
“a obediência que todos devem ter aos seus Superiores, tanto os de toda Companhia quanto para os de cada escola, “finalmente o bom exemplo”. 4

Em cada escola é necessário que haja ao menos um sacerdote que seja “pai espiritual”, ordinariamente o pároco. Ele, além de possuir as qualidades sacerdotais específicas (ciência, pureza de vida, honestidade de costumes, exemplaridade), “precisa ainda que, sendo pai espiritual de todos os de sua escola, tenha grande amor e afeição por todos da Companhia, e em particular pelos de sua escola”, procurando conhecê-los pessoalmente, confessando- os, interessando-se pelas suas necessidades corporais e espirituais, promovendo a concórdia, visitando as escolas, apascentando-os com a palavra de Deus. 5

Decisiva é a função dos professores e dos coordenadores, “porque todas as obrigações e ordens são dadas para que os alunos sejam bem instruídos na Doutrina Cristã, nas virtudes e bons costumes”. Para eles, mais que para outros, há termos que valem a relações inspiradas na caridade e na amorevolezza. 6
Os professores “devem ser solícitos em chegar cedo à escola, fazendo de tal modo que eles esperem os alunos e não o contrário (...). Sendo os alunos a ele confiados pelo coordenador, com caridade, amorevolezza e mansidão ele os receba, mostrando para com eles afeto e amor paterno (...). Tenha cuidado de ensinar a seus alunos não somente a lição do livro, mas muito mais os instruirá nas virtudes e bons costumes, fazendo com que lhes é ensinado, seja também praticado (...). Tenha sempre em mente torná-los bons e perfeitos cristãos, dando-lhes todos os avisos, lembranças, e meios, que Deus Nosso Senhor se dignar apresentar-lhes”. 7

O método preventivo forma um todo único com o “sistema”. Isso exige no professor clareza de fins, conhecimento dos alunos, supremacia do amor sobre o temor, testemunho. Na aula de catecismo não se deve simplesmente ensinar os elementos da doutrina cristã, mas introduzir na “arte de viver cristã”.

Ensine-lhe, finalmente, todas as outras coisas que convêm a bons cristãos e a promessa que fazem de preparar o verdadeiro viver cristão, para conservar-se sempre na graça de Deus e seus filhos adotivos. Fique atento em ensinar-lhes modos decentes, evitando falar-lhes palavras injuriosas e menos ainda desonestas e grosseiras, quer porque não convém em tais escolas usá-las, quer para que eles não aprendam e não se arrogem o direito de dizê-las aos outros. E que ainda que seja necessário às vezes repreende-los com palavras dura, é, todavia mias oportuno que esta lei e doutrina de amor seja apresentada com amor e não com temor; e será melhor com promessas de prêmios do que com ameaças, com dons do que com castigos. O professor deve ter dos seus alunos conhecimento suficiente, não só em ver como aprendem enquanto estão na escola, mas ainda, às vezes, se estudam a lição também em casa; conheça seus pais e saiba onde moram, para poder informar-se como procedem e que vida levam; e se às vezes faltassem, visite-os e se informe com os familiares por que não freqüentam a escola, faça tudo isso com habilidade e de tal modo que mostre não curiosidade, mas amor paterno para com eles e vivo interesse pelo seu bem.8


1-Cf.“Contitutione ET Regole della compagnia et scuole della douttrina chistiana fatte cardinale di Santa Prassede, arcivesco, in essecutione Del concilio secondo provinciale (1569), per uso della província de Milano”. In: Acta Ecclesieae Madiolanensis. Vol. III, t. II, col. 149-261 (Ed. De G. Fontana Milão, 1585)
2-“Constitutioni”, col. 149-151.
3-“Constitutioni”, col. 152.
4-“Constitutioni”, col. 152-162.
5-“Constitutioni”, cap III, “Dell’ officio Del sacerdote”, col. 162-165.
6-“Constitutioni”, col. 179.
7-“Constitutioni”, col. 181-182.
8- “Constitutioni”, col. 182-183.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O método didático e educativo seguido pelo professor da escola deve basear-se no exemplo paterno.

O professor ocupa o lugar do pai, e não deve só ensinar as letras, mas formar o delicado ânimo do menino na virtude, com o bom exemplo, com úteis advertências, como se fora o próprio pai; antes, o pai e o professor devem se entender tão bem que o menino veja em casa a educação da escola, e na escola a educação do pai. Efetivamente, uma grande parte da boa e cristã educação se apóia na diligência dos professores.

"Seja por isso o nosso professor de vida regrada e exemplar, e se apresente de tal modo que os alunos vejam nele a imagem de uma verdadeira bondade cristã, e os cidadãos os estimem e julguem como se fosse o pai comum de seus filhos."1

"O temor de Deus, "princípio da sabedoria", é maior que a gramática;2 além do mais, a devoção a Nossa Senhora, "mãe da pureza", garantirá "inteligência, docilidade e memória para que logrem aprender bem".3

1- S. Antoniano, Tre libri dell´educatione, livro III, cap.34, fl.146r-v.
2- S. Antoniano, Tre libri dell´educatione, livro III, cap.35, fl.146v-147r.
3- S. Antoniano, Tre libri dell´educatione, livro II, cap.35, fl.52r-v.

Equilibrio da razão no método para os pais

Equilibrio de razão, temor e amor devem também caracterizar as correções e os castigos na meninice.

"Lembrem-se o pai que as palmadas são remédios, e como tal deve ser dado a tempo e medida, de tal modo que não prejudique mais que ajude, e devem castigar com discrição e juízo para medicar verdadeiramente a alma do menino, que no mais das vezes costuma falhar por ignorância e fragilidade(...). O pai pretende principalmente tornar o filho interiormente bom, de modo que ele se abstenha do pecado mais por amor à virtude do que por temor do castigo. E o meio mais eficaz deve ser temor de deus e o conhecimento da beleza da virtude e da feíura do vício(...). E finalmente, a reverência paterna deve ser freio e o estímulo que detenha ou estimule o menino conforme a necessidade. Em suma, eu desejaria que o nosso bem-educado filho de tal forma se acostumasse a respeitar seu pai, que o ver conturbado o seu rosto, e nele qualquer sinal de descontentamento, fosse para ele já gravíssimo castigo (...). Para tanto deve o pai agir com o filho de tal modo que ele o ame e ao mesmo tempo o tema (...). Fazer-se somente temer não ganha o coração do menino, não o faz interamente virtuoso, e as coisas feitas só por temor não são duradoras(...). Tempere pois, um com o outro e mantenha uma suave severidade, para que seja amado e temido, mas com temor filial, e não servil, de escravo, que tem medo do bastão; o fliho, pelo contrário, porque ama, teme fazer qualquer coisa que desagrade seu querido pai (...). Em poucas palavras, sempre que o bom pai quiser bater no fliho, que faça guiado não por cólera cega, mas por prudente razão."1

1- S. Antoniano, Tre libri dell´educatione, livro III, cap.7, fl. 127v.

Falsidade e danos do naturalismo pedagógico

Trecho da Carta encíclica DIVINI ILLIUS MAGISTRI
Papa Pio XI

É falso, portando, todo o naturalismo pedagógico que, na educação da juventude, exclui ou menospreza por todos os meios a formação sobrenatural cristã; é também errado todo o método de educação que, no todo ou em parte, se funda sobre a negação ou esquecimento do pecado original e da graça, e por conseguinte, unicamente sobre as forças da natureza humana. Tais são na sua generalidade, aqueles sistemas modernos de vários nomes, que apelam para uma pretendida autonomia e ilimitada liberdade da criança, e que diminuem ou suprimem a autoridade e a ação do educador; atribuindo ao educando um primado exclusivo de iniciativa e uma atividade independente de toda a lei superior natural e divina na obra da sua educação.

Diriam sim a verdade, se com algumas daquelas expressões quisessem indicar ainda que impropriamente a necessidade cada vez mais consciente, da cooperação ativa do aluno na sua educação, e se entendessem afastar desta o despotismo e a violência (a qual de resto não é a justa correção), mas não diriam absolutamente nada de novo e que a Igreja não tenha já ensinado e atuado na prática de educação cristã tradicional, à semelhança do que faz o próprio Deus com as criaturas que chama a uma ativa cooperação, segundo a natureza própria de cada um, visto que a sua sabedoria «se estende com firmeza de um a outro extremo, e tudo governa com bondade» (40).

Infelizmente com o significado óbvio das expressões, e com o mesmo fato, pretendem muitos subtrair a educação a toda a dependência da lei divina. Por isso em nossos dias se dá o caso, realmente bastante estranho, de educadores e filósofos que se afadigam à procura de um código moral e universal de educação, como se não existisse nem o Decálogo, nem a lei evangélica, nem tão pouco a lei natural, esculpida por Deus no coração do homem, promulgada pela reta razão, codificada com revelação positiva pelo mesmo Deus no Decálogo. E da mesma forma, costuma tais inovadores, como por desprezo, denominar «heterônoma», «passiva», «atrasada», a educação cristã, porque esta se funda na autoridade divina e na sua santa lei.

Estes se iludem miseravelmente com a pretensão de libertar, como dizem a criança, enquanto que antes a tornam escrava do seu orgulho cego e das suas paixões desordenadas, visto que estas por uma conseqüência lógica daqueles falsos sistemas, vêm a ser justificadas com legítimas exigências da natureza pseudo-autônoma.

Mas há pior ainda, na pretensão falsa, irreverente e perigosa, além de vã, de querer submeter a indagações, a experiências e juízos de ordem natural e profana, os fatos de ordem sobrenatural concernentes à educação, como por exemplo, a vocação sacerdotal ou religiosa, e em geral as ocultas operações da graça, que, não obstantes elevar as forças naturais, excede-as, todavia infinitamente, e não pode de maneira nenhuma estar sujeita às leis físicas, porque «o espírito sopra onde lhe apraz» (41).

(40) Sabedoria, VIII, 1.
(41) João, III, 8.