segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Formação do caráter dos dois aos seis anos.

"Também nesta idade o coração é capaz de receber uma educação especial. O pai que trabalha todo o dia para a criança e a mãe que desde cedo até a noite desvela-se por ela, é um poderoso argumento que certamente há de impressionar o terno coração do filho e o levará à gratidão.

Este é o tempo de se destruir o egoísmo. É bom que a criança se mostre de bom coração com seus amigos especialmente os mais pobres. Acostume-se em tempo que ela mesma dê esmola aos pobres, quando lhe baterem à porta. Desta maneira sentirá compaixão para com os infelizes e gratidão para com seus pais que lhe dão o necessário.

Nesta idade, também o sentimento religioso é capaz de educação. A criança prende-se muito ao que vê. É preciso que veja bons exemplos. As orações breves reza-se de boa vontade, de manhã e de noite; mas a criança há de ser convidada a rezá-las com bons modos, escolhendo-se o momento oportuno, não a despertando repentinamente, ou interrompendo à força seus brinquedos, ou ainda repreendendo-a; desta maneira não rezará de boa vontade e além disso, a oração tornar-se-á antipática, é preciso agir de modo que ela se torne agradável e desejada.

Passemos agora a mostrar alguns dos defeitos mais salientes da criança. Convém saber porque elas choram. As crianças choram com muita facilidade. Se o motivo é razoável. agir-se-á de acordo com o que o caso exige. Mas se choram simplesmente por capricho, porque se lhes nega o que pedem, então convém não se fazer caso da sua manhã, e deixá-la a si mesma, é o melhor modo para que se cale. A mãe que se apieda de seu choro, comete um grave erro pedagógico, porque a criança aprenderá a dominá-la, sempre por meio de suas lágrimas e acabará vencendo-a. Desta maneira nunca aprenderá a domar sua própria vontade contra a tirania de todos os seus caprichos.

Muitos filhos, se nunca levam a termo seus projetos pode lhes faltar a perseverança, devem aos seus pais essa desgraça e terão que repetir amargamente: Ah! se meus pais não me tivessem minado tanto!

Os pais devem andar de acordo na educação dos filhos. Se o pai, ao entrar em casa, encontra o filho chorando e nota que a mãe vai acariciar, deixe-o chorar, não se mostre compassivo. A criança vendo que o pai e mãe procedem do mesmo modo há de se calar mais facilmente. Se o marido ou a mulher se tivessem enganado, não devem corrigir ao outro na presença da criança. Um ou outro perderiam a autoridade, e a criança estaria do lado que lhe dá razão e sentiria menos afeto em seu coração por esse motivo, para com aquele que a contraria em todos os seus caprichos.
Se o marido notasse alguma coisa digna de recriminação em sua mulher, não derevá repreende-la diante de todos, mas quando se encontrarem sozinhos de todos.

No fazer a vontade das crianças e no corrigi-las os avós muitas vezes, para não dizermos sempre, impedem a ação educadora dos pias. Os avós tem muitas fraquezas para com os netinhos, mas para o bem deles, devem refrear esse carinho exterior e secundar a obra dos pais. E o mesmo se há de dizer das tias e dos demais membros da família..."

Padre Gaspardo Humberto - Maternidade Cristã - Ed Paulinas, 1947.