quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Equilibrio da razão no método para os pais

Equilibrio de razão, temor e amor devem também caracterizar as correções e os castigos na meninice.

"Lembrem-se o pai que as palmadas são remédios, e como tal deve ser dado a tempo e medida, de tal modo que não prejudique mais que ajude, e devem castigar com discrição e juízo para medicar verdadeiramente a alma do menino, que no mais das vezes costuma falhar por ignorância e fragilidade(...). O pai pretende principalmente tornar o filho interiormente bom, de modo que ele se abstenha do pecado mais por amor à virtude do que por temor do castigo. E o meio mais eficaz deve ser temor de deus e o conhecimento da beleza da virtude e da feíura do vício(...). E finalmente, a reverência paterna deve ser freio e o estímulo que detenha ou estimule o menino conforme a necessidade. Em suma, eu desejaria que o nosso bem-educado filho de tal forma se acostumasse a respeitar seu pai, que o ver conturbado o seu rosto, e nele qualquer sinal de descontentamento, fosse para ele já gravíssimo castigo (...). Para tanto deve o pai agir com o filho de tal modo que ele o ame e ao mesmo tempo o tema (...). Fazer-se somente temer não ganha o coração do menino, não o faz interamente virtuoso, e as coisas feitas só por temor não são duradoras(...). Tempere pois, um com o outro e mantenha uma suave severidade, para que seja amado e temido, mas com temor filial, e não servil, de escravo, que tem medo do bastão; o fliho, pelo contrário, porque ama, teme fazer qualquer coisa que desagrade seu querido pai (...). Em poucas palavras, sempre que o bom pai quiser bater no fliho, que faça guiado não por cólera cega, mas por prudente razão."1

1- S. Antoniano, Tre libri dell´educatione, livro III, cap.7, fl. 127v.